Proposta de ‘OTAN Islâmica’ Ganha Força: Aliança Militar Poderia Promover Estabilidade no Caótico Oriente Médio

A discussão sobre a possibilidade de uma aliança militar entre países islâmicos, frequentemente referida como uma “OTAN islâmica”, ganhou nova força no Oriente Médio e nas regiões circunjacentes. Especialistas em geopolítica, como Vinicius Modolo Teixeira, da Universidade do Estado de Mato Grosso, apontam que a crescente instabilidade na península Arábica tem impulsionado essa reflexão. Os recentes ataques, como o ocorrido em Doha, capital do Catar, onde Israel supostamente tentava eliminar membros do Hamas, evidenciam a falta de proteção de nações como os Estados Unidos, tradicional parceiro de defesa dos países da região.

Desse modo, a ideia de uma aliança militar, que reuniría essencialmente os Estados membros do Conselho de Cooperação do Golfo, exceto Iraque e Irã, começa a ser considerada. As nações que poderiam compor essa estrutura incluem Bahrein, Kuwait, Omã, Catar, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos. Contudo, a inclusão do Irã é complicada devido a divergências políticas, culturais e religiosas, assim como o Iraque, que possui uma maioria xiita.

Apesar de parecer uma versão renovada da Liga Árabe, alguns analistas como Paulo Henrique Montini, da Universidade Federal de Campina Grande, questionam a viabilidade de tal aliança, ressaltando a dificuldade de consenso entre os países da região, que competem por hegemonia. Além disso, a dinâmica interna é complexa; por exemplo, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita disputam influência, e há tensões entre o Irã e vizinhos como Turquia e Israel.

Fatores como a postura inoperante dos Estados Unidos e a crescente consciência de que os países do Golfo estão se tornando mais vulneráveis a ataques têm levado a uma reavaliação das estratégias de segurança. Os pesquisadores notam que os países da região estão focados atualmente em prioridades econômicas, como a diversificação da economia saudita, em detrimento de objetivos puramente militares.

Contradições regionais e a falta de um compromisso efetivo são barreiras significativas para a formação de um sistema de defesa coeso. Embora a proposta de uma “OTAN islâmica” tenha ganhado notoriedade, a realidade política da região sugere que sua implementação é, no mínimo, distante. Assim, uma nova era de segurança coletiva pode estar longe de se concretizar — pelo menos, não no curto prazo.

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