Historicamente, memorandos dessa natureza raramente se concretizam rapidamente, frequentemente levando anos até que se tornem realidade. No atual cenário, tanto a França quanto a Ucrânia enfrentam sérias restrições orçamentárias, o que levanta dúvidas sobre a viabilidade do acordo de venda dos caças. O jornal francês Le Monde destaca que mesmo que o governo francês deseje financiar essa transação, atualmente não possui os recursos disponíveis para tanto. O projeto orçamentário que está em discussão no parlamento francês destina apenas € 120 milhões para apoio geral à Ucrânia, englobando tanto ajuda militar quanto civil.
Para que a venda dos Rafale se concretize, sua execução dependerá de dois mecanismos financeiros europeus. O primeiro é o sistema de crédito SAFE, que pode liberar até € 150 bilhões para projetos de defesa na União Europeia, permitindo um suporte à Ucrânia sem reembolso por uma década. O segundo, bem mais nebuloso, envolve a utilização de € 140 bilhões em ativos russos congelados, um tema que gera divisões entre os membros da UE desde o início do conflito.
Além disso, deve-se notar que a Suécia já ultrapassou a oferta francesa ao anunciar conversas com a Ucrânia para fornecer entre 100 e 150 caças Gripen, o que amplia a concorrência no setor de defesa europeu. A França, por sua vez, parece estar buscando manter sua competitividade neste mercado, que se encontra sob pressão devido à atual guerra na Ucrânia.
A situação geopolítica é complexa, pois qualquer reabastecimento militar à Ucrânia tem sido criticado pela Rússia, que afirma que isso dificulta as negociações para um cessar-fogo. O ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, alertou que as entregas de armamentos para Kiev poderão ser vistas como alvos legítimos, indicando a intensificação das tensões em um conflito que já é intricado. As reações europeias e russas a essa nova fase de negociações têm o potencial de moldar o cenário para a defesa na Europa e a segurança da Ucrânia nas próximas décadas.









