Bruno Bione, diretor da Data Privacy Brasil, enfatiza que muitas pessoas estão concedendo dados biométricos sem compreender completamente a natureza dessas informações e as consequências do seu uso. A falta de transparência e informação sobre os objetivos da coleta de dados pela Tools for Humanity gera preocupações sobre a qualificação do consentimento dado pelos usuários.
O projeto, desenvolvido pela empresa World em parceria com o bilionário Sam Altman, tem como proposta verificar a autenticidade de uma pessoa na internet através da leitura da íris, visando aumentar a segurança online. Contudo, essa prática já foi proibida em países como Espanha e Alemanha devido a dúvidas sobre as intenções da empresa e a falta de clareza sobre o tratamento dos dados coletados.
Bione destaca que autoridades de proteção de dados ao redor do mundo suspenderam o uso da leitura da íris, apontando para preocupações éticas e desafios no exercício do direito de revogar o consentimento e solicitar a exclusão dos dados. Além disso, o especialista questiona a falta de transparência sobre os planos futuros da empresa em relação à monetização dos dados coletados.
A ANPD orienta os cidadãos a terem cautela ao compartilhar seus dados biométricos, recomendando a leitura cuidadosa dos termos de uso, verificação da reputação da empresa coletora, avaliação da real necessidade da coleta e proteção especial para crianças e adolescentes. O processo contra a Tools for Humanity continua em andamento, sem previsão de decisão por parte da autoridade regulatória.
Em meio a preocupações sobre privacidade e segurança de dados, o debate em torno da leitura da íris e da proteção da informação pessoal ganha destaque, alertando para a importância de informação transparente e consentimento qualificado por parte dos usuários.