O projeto em questão, que tramita com rapidez na Câmara dos Deputados, teve sua urgência aprovada na última quarta-feira. Apresentado há oito anos, o texto que proíbe a delação premiada de indivíduos que estejam sob investigação, réus ou condenados que estejam presos foi retirado da gaveta recentemente. Apesar de o Palácio do Planalto ter inicialmente manifestado que a matéria não era prioritária, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), liderou a votação do texto em menos de dez minutos, sem oposição no plenário.
O projeto, que une propostas de deputados de diferentes partidos, estabelece regras para a realização das delações, como a proibição da coação dos colaboradores e a possibilidade de terceiros contestarem os acordos. Entretanto, há preocupações de que a medida possa ser utilizada para anular delações já homologadas, o que poderia impactar em investigações em curso.
Especialistas consultados pelo jornal O Globo concordam que a proposta não deve ser aplicada retroativamente para anular acordos de colaboração existentes. No entanto, há especulações de que o projeto poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro em casos judiciais em andamento, como o suposto desvio de joias do acervo presidencial e a tentativa de obstrução da posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
Diante dos desdobramentos desse projeto polêmico, a expectativa é que o Senado aborde o tema com a seriedade e a prudência necessárias, considerando os impactos que uma eventual proibição da delação premiada de presos poderia ter no sistema de Justiça do país. A sociedade e os órgãos competentes acompanharão de perto esse debate em busca de garantir que a legislação seja aprovada de forma consciente e responsável.