Passados quase cinco meses desde essa promessa, o grupo de trabalho ainda não foi oficialmente criado, mesmo depois das eleições municipais de outubro. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), um dos autores do projeto, afirmou que não teve mais contato com Lira sobre o andamento da proposta.
Porém, Sóstenes pretende procurar o presidente da Câmara esta semana durante o P20, um encontro de parlamentares dos países do G20 em Brasília, para tratar do assunto. Essa falta de avanço na discussão do projeto levanta questionamentos sobre a estratégia de Lira em relação a temas polêmicos.
Parlamentares acreditam que o presidente da Câmara utiliza a promessa de criar comissões e grupos de trabalho como uma maneira de tirar esses assuntos da pauta, como foi o caso do PL do Aborto. Recentemente, um projeto que previa anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro também teve sua tramitação interrompida por Lira, que decidiu enviá-lo para uma comissão especial.
Essa postura de adiar debates importantes tem causado insatisfação entre os parlamentares e a sociedade civil, que esperam uma maior transparência e comprometimento por parte da liderança da Câmara dos Deputados. O futuro do projeto de lei que proíbe o aborto após a 22ª semana de gestação ainda é incerto, mas a pressão pública certamente terá um papel fundamental na sua discussão e possível aprovação.