Professoras de Gaza lutam para manter ensino e pesquisa em meio à devastação e crise humanitária após bombardeios israelenses à Universidade Islâmica.

A Persistência do Ensino em Meio ao Caos: A Luta de Educadores em Gaza

Em meio a um cenário devastador e de crise humanitária, os educadores de Gaza enfrentam a adversidade com dedicação e inovação. Professores universitários, como a professora Hala El-Khoondar, do departamento de Engenharia Elétrica e Sistemas Inteligentes da Universidade Islâmica de Gaza, continuam a ministrar aulas, gravando conteúdo para que seus alunos possam acessar remotamente. Além disso, eles têm deixado material didático anotado em pequenas bibliotecas locais, uma tentativa de mitigar os impactos da guerra sobre a educação.

Durante uma palestra na 17ª Conferência Geral da Academia Mundial de Ciências, realizada no Rio de Janeiro, Hala compartilhou as dificuldades enfrentadas não apenas pelos educadores, mas também pelos alunos, que precisam equilibrar suas atividades acadêmicas com a luta diária pela sobrevivência, buscando alimento, água e acesso limitado à eletricidade. A realidade de viver sob constante ameaça torna o ato de estudar um desafio monumental. “Estudar online pode garantir que os alunos não percam sua formação e é uma forma de escapar da terrível realidade, mas é uma solução injusta, já que nem todos têm as mesmas oportunidades”, lamentou a professora.

O sofrimento coletivo é palpável. O recente ataque israelense levou à destruição de instituições importantes, incluindo a Universidade Islâmica de Gaza, que atendia cerca de 18 mil estudantes. Com 200 laboratórios e 20 institutos, a universidade servia como um polo educacional essencial, formando profissionais em diversas áreas, da medicina à engenharia. A tragédia se agravou com a perda do presidente da instituição, Sufyan Tayeh, que faleceu durante um ataque a um campo de refugiados.

As complicações não param por aí. Hala, que atualmente reside na Inglaterra e trabalha no Imperial College, expressou sua dor contínua ao perceber que seus alunos estão perdendo oportunidades educacionais a cada semestre. “É preciso sair de Gaza para fazer pesquisa, mas a infraestrutura não existe mais e as fronteiras são controladas, tornando a fuga quase impossível”, afirmou, ressaltando a gravidade da situação.

A Conferência, que reuniu cientistas de todo o mundo, focou no fortalecimento das ciências nos países em desenvolvimento e a evolução da geografia da produção científica global, onde a contribuição dos países de renda baixa e média vem aumentando significativamente.

Além das discussões científicas, o evento também celebrou conquistas, como a entrega de prêmios a renomados cientistas brasileiros, especialmente em áreas críticas como ciências sociais e tecnologia quântica. Essa conferência é um claro retrato da resiliência e da importância da educação em tempos de crise, mostrando que, mesmo em meio à destruição, o desejo de aprender e ensinar persiste.

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