A edição deste ano do Jeal foi pioneira ao designar, pela primeira vez, uma mulher na coordenação-geral da competição. Daniela Raposo, professora de educação física da rede estadual, assumiu o comando da maior competição de desporto escolar do estado, desafiando estereótipos e pavimentando o caminho para que outras mulheres ocupem posições de liderança no esporte. A trajetória de Daniela é inspiradora: ela começou sua jornada no esporte como atleta, passou por vários cargos na área esportiva e na educação, e, finalmente, assumiu a coordenação-geral do Jeal.
Daniela Raposo tem um longo histórico de dedicação à educação e ao esporte. Antes de chegar à coordenação do Jeal 2024, ela foi diretora da Escola Estadual Alfredo Gaspar Mendonça e também atuou como técnica e coordenadora de modalidades esportivas. “Primeiro comecei como atleta, depois fui professora de educação física, diretora da Alfredo Gaspar, técnica e coordenadora de modalidade, para só então, chegar à coordenadoria-geral. Tenho muito orgulho do que construí e acho que tudo me ajudou a chegar onde cheguei”, celebra Daniela.
Sua estreia na coordenação do evento não foi isenta de desafios. “Nunca imaginei estar à frente de um evento que comecei ainda como estudante competindo. No começo deu um frio na barriga enorme, porque é a maior competição estudantil do estado, mas como professora que acredita no esporte como ferramenta de transformação social, aceitei e tentei fazer o meu melhor. Ver alunos vivenciando esses momentos é o meu maior prêmio”, afirma ela, emocionada.
Daniela faz questão de enfatizar a importância da aliança entre esporte e educação. “Você pode mudar de vida com o esporte, porém sem esquecer que ele e a educação andam juntos. Então é isso que levo sempre para a sala de aula e tento conscientizá-los”, explica.
Além de suas inúmeras atribuições na Secretaria de Educação, Daniela também leciona na rede municipal de União dos Palmares e compete pelo PEC/Volleystar nos times adulto e master. Já defendeu, inclusive, o time de voleibol do CSA.
A trajetória de Daniela no esporte começou cedo. Aos nove anos, já se destacava no voleibol em competições estudantis como o Jeal. No entanto, ela relembra que, na época, não havia muitas referências femininas no esporte. “Como estudante fui campeã juvenil e bicampeã infantil no Jeal. Na época não tínhamos mulheres como referência. O que me restava era me inspirar em homens, como Ayrton Senna e o técnico Zé Roberto Guimarães”, recorda.
Incentivada pela mãe, que não teve a chance de se realizar no esporte devido aos estereótipos da época, Daniela traçou um caminho de sucesso. “Minha mãe jogava handebol pela escola e meu avô nunca a deixou viajar para as competições. Eu morava com ele e fiz a minha primeira viagem com 12 anos pela Seleção Alagoana de Voleibol e lembro bem da frase da minha mãe: ‘Minha filha, aproveita o que eu não pude viver!’”, compartilha.
Para Daniela, assumir um papel de liderança no esporte representa um marco importante para a representatividade feminina. “Meu desejo é que as atletas que estão chegando agora, tenham o que não tive, ou seja, uma figura que as representasse. Por meio do esporte, você pode mudar sua vida, conhecer lugares que nunca imaginou, superar desafios e conhecer diversas pessoas”, conclui.
Com essa significativa vitória da inclusão e do empoderamento, o Jeal consolida-se não apenas como um evento esportivo, mas como uma verdadeira ferramenta de transformação social.
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