Prisões por corrupção despencam 78% em seis anos, aponta Polícia Federal, com apenas 136 mandados cumpridos em 2024.

As prisões por corrupção realizadas pela Polícia Federal sofreram uma drástica queda de 78% em seis anos, conforme dados obtidos pelo Metrópoles. Os mandados de prisão cumpridos pela PF passaram de 607, em 2019, para apenas 136 em 2024. Esse declínio nas prisões tem sido atribuído ao desmantelamento da Operação Lava Jato e às mudanças nas regras para as prisões ocorridas desde 2020.

Especialistas consultados pelo Metrópoles e a própria PF concordam que as limitações nas regras para as prisões, juntamente com as revisões nos procedimentos criminais, têm contribuído significativamente para a redução do número de encarceramentos por corrupção no Brasil. Em 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro, foram registrados apenas 94 casos de detenções preventivas e temporárias por corrupção, sendo o menor número no período analisado.

No entanto, as prisões por tráfico de drogas tiveram um aumento significativo na Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado, passando de 836 suspeitos presos em 2019 para 1.572 no ano passado, representando uma alta de 88%. Essa mudança de cenário indica uma possível priorização de outras áreas de atuação por parte da PF.

De acordo com a Dicor, precedentes do Supremo Tribunal Federal têm restringido as situações em que podem ser decretadas prisões preventivas ou temporárias. A corporação tem optado por medidas alternativas ao encarceramento, como o afastamento de cargo e a proibição de contato com outros investigados e testemunhas. Além disso, as mudanças no Código Penal aprovadas pelo Congresso Nacional em 2021 têm favorecido os investigados, levando a uma redução na solicitação de prisões pela PF.

Apesar do esvaziamento da área de combate à corrupção e das mudanças nas regras para as prisões, a PF destaca que sua produtividade é melhor medida pelos indiciamentos, que aumentaram de 1.108 em 2019 para 4.256 em 2024. A utilização de medidas alternativas à prisão, como o afastamento de funções públicas e o bloqueio de bens, também tem sido uma estratégia adotada pela corporação para combater a corrupção e o crime organizado. A PF reforça que, apesar das mudanças no panorama das prisões, seu trabalho continua focado na investigação e no combate aos crimes.

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