Prisão Domiciliar de Bolsonaro Pode Radicalizar Oposição e Complicar Retomada do Congresso

Na noite de segunda-feira, o clima no Palácio do Planalto se tornou tenso após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que decretou prisão domiciliar para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os assessores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva rapidamente compreenderam que essa medida tem o potencial de acentuar a radicalização da oposição e tumultuar as futuras sessões do Congresso, que retorna de seu recesso nesta terça-feira.

A expectativa já era de que, com a imposição de medidas cautelares a Bolsonaro, a oposição se tornasse mais incisiva nas duas casas legislativas. No entanto, a prisão domiciliar levanta preocupações adicionais de que os bolsonaristas possam criar um ambiente hostil, inviabilizando o diálogo e os trabalhos legislativos. Recentemente, parlamentares alinhados ao ex-presidente se deslocaram até Brasília em uma demonstração de apoio, resultando em cenas caóticas, com quebra-quebras e uma declaração polêmica do ex-mandatário, que exibiu sua tornozeleira eletrônica ao público.

Além disso, há temores de que parte do Centrão, um bloco político frequentemente considerado neutro, possa se unir à oposição, criando uma crise institucional com o STF devido à ordenação de que o senador Marcos do Val utilize uma tornozeleira eletrônica. Essa possibilidade é vista com desconfiança por parlamentares que, temendo precedentes perigosos, podem hesitar em se posicionar ao lado de Bolsonaro.

No Palácio, a sensação é ambígua. Enquanto Bolsonaro se encontra isolado e incapacitado de utilizar redes sociais ou receber visitas, assessores de Lula argumentam que a imagem do ex-presidente como uma vítima pode ser fortalecida, o que poderia galvanizar apoio da direita. Esse cenário se torna ainda mais complicado com as pressões internacionais, como as sanções comerciais impostas pelos Estados Unidos, que exacerbam a situação.

Diante desse contexto tumultuado, a administração Lula enfrenta um desafio adicional: conquistar a aprovação de projetos cruciais ao retorno das atividades do Congresso. Entre as prioridades do governo estão a isenção do imposto de renda para rendimentos até R$ 5 mil, a revisão de benefícios tributários e uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) voltada para a reforma na segurança pública.

Em meio a esse imbróglio político, a oposição também se movimenta. Eles convocaram uma coletiva de imprensa na rampa do Congresso, em Brasília, a ser realizada nesta terça, em resposta à prisão de Bolsonaro. Esse ato evidencia o clima de polarização e a movimentação intensa que marca o atual cenário político brasileiro.

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