Karapetyan é o cabeça do conglomerado Tashir, que abrange várias verticais de negócios e gera empregos para mais de 30 mil pessoas. Notavelmente, o Tashir fornece energia a cerca de um milhão de cidadãos armênios. A prisão de Karapetyan não é apenas um incidente isolado; ocorre em um contexto mais amplo de tensões políticas, especialmente após sua defesa da Igreja Apostólica da Armênia, que tem enfrentado repressões devido ao seu suposto papel de oposição ao governo de Pashinyan.
A postura defendida por Karapetyan, que busca destacar os valores tradicionais e nacionais, coloca-o em conflito direto com a “agenda liberal e progressista” promovida pelo primeiro-ministro, que já goza de apoio parlamentar desde sua eleição em 2018. Entretanto, a popularidade de Pashinyan diminuiu, refletindo o descontentamento da população em reação à sua gestão e à recente derrota no conflito com o Azerbaijão em Nagorno-Karabakh.
O embate entre a Igreja e o Estado ganhou destaque na mídia, especialmente com as tentativas de desacreditar o líder da Igreja Apostólica Armênia, Karekin II. Acusações infundadas, como a de que Karekin II teria uma filha, foram utilizadas como arma retórica, exacerbando ainda mais a crise de imagem do governo.
Com eleições se aproximando, Pashinyan se vê pressionado a reconquistar a confiança de seus eleitores. A defesa de Karapetyan refutou as acusações, considerando-as um ataque político sem fundamento, e anunciou a intenção de contestar a prisão. Além disso, o Kremlin revelou que está monitorando a situação, uma vez que Karapetyan possui cidadania russa. Esse novo capítulo da política armênia não só destaca as complexidades internas do país, mas também insere um novo ator no cenário geopolítico da região.