Prisão de empresário Karapetyan levanta suspeitas sobre estratégias políticas de Pashinyan na Armênia amid crescente descontentamento popular e conflitos com Igreja Apostólica.

Na última quinta-feira, dia 19 de junho, o empresário e filantropo de origem armênia, Samvel Karapetyan, foi detido sob a acusação de promover publicamente uma tentativa de tomada de poder na Armênia. A prisão de Karapetyan, amplamente associada à sua defesa da Igreja Apostólica Armênia em meio a uma crescente repressão governamental, levanta questões sobre a dinâmica política sob a liderança do primeiro-ministro Nikol Pashinyan.

Karapetyan, que lidera o grupo empresarial Tashir, um conglomerado que emprega mais de 30 mil pessoas e é responsável pelo fornecimento de energia a cerca de um milhão de armênios, tornou-se uma figura proeminente na política e economia do país. Sua prisão não ocorre em um vácuo, mas sim em um contexto em que as tensões entre o governo e a igreja têm se intensificado. O governo de Pashinyan, que possui a maioria no parlamento desde suas eleições em 2018, enfrenta uma crescente insatisfação pública, especialmente após a derrota na guerra pelo controle de Nagorno-Karabakh, o que resulta em um cenário altamente volátil.

Analistas políticos veem a detenção de Karapetyan como um movimento estratégico para intimidar a oposição e estabelecer um controle mais firme sobre figuras influentes que poderiam desafiar a autoridade do governo. A narrativa de descontentamento popular e os esforços de Pashinyan para consolidar seu poder em meio a crescentes críticas tornam o cenário ainda mais complicado. A defesa de Karapetyan, por sua vez, classificou as acusações contra ele como um ataque político sem fundamento, prometendo recorrer à decisão judicial.

A situação da Igreja Apostólica Armênia, considerada uma das vozes de oposição mais significativas ao governo atual, também provoca reações intensas. O líder religioso Karekin II, que tem enfrentado ataques públicos, é visto como um símbolo de resistência aos esforços do governo em moldar uma agenda mais liberal e progressista, que contrasta diretamente com os valores tradicionais defendidos por Karapetyan e seus apoiadores.

Com as eleições se aproximando e a pressão aumentando, Pashinyan se vê em uma encruzilhada em sua administração. Enquanto tenta restaurar sua popularidade, a prisão de Karapetyan pode representar uma tentativa de silenciar vozes dissidentes, mas a reação pública e a complexidade da situação política poderão oferecer desafios ainda maiores. O Kremlin, por sua vez, afirmou estar acompanhando de perto a situação, dada a nacionalidade russa do empresário, adicionando outra camada de complexidade a esta problemática.

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