Primeiro Xenotransplante Pulmonar de Porco em Humano Funciona por Nove Dias, Abrindo Caminhos para Avanços na Medicina Transplantacional

Em um avanço significativo na medicina, pesquisadores norte-americanos conseguiram realizar o primeiro transplante de pulmão de porco geneticamente modificado em um receptor humano. O feito notável foi feito em um paciente de 39 anos que estava em estado de morte encefálica, resultado de uma hemorragia cerebral. O pulmão transplantado demonstrou funcionalidade por um período impressionante de nove dias, sem evidências iniciais de rejeição ou infecções graves; esses achados foram revelados em um estudo recente publicado na respeitada revista Nature Medicine.

O conceito de xenotransplante, que se refere à transferência de órgãos entre diferentes espécies, tem ganhado destaque como uma alternativa viável para mitigar a escassez de órgãos humanos para transplantes. Nos últimos anos, avanços já foram observados com a utilização de rins, corações e fígados de porcos editados geneticamente, e agora, pela primeira vez, essa tecnologia foi aplicada com sucesso a pulmões. No entanto, a jornada para a utilização clínica em humanos vivos ainda enfrenta desafios significativos.

Durante o experimento, os cientistas implementaram um pulmão de porco com seis modificações genéticas. Durante um monitoramento de 216 horas, a funcionalidade do órgão foi avaliada, e embora um edema significativo tenha sido identificado após 24 horas — possivelmente em decorrência da reoxigenação dos tecidos —, o pulmão se manteve viável. Notavelmente, mesmo após um leve quadro de rejeição imunológica entre os dias 3 e 6, sinais de recuperação foram observados.

Apesar do sucesso inicial, os pesquisadores reconhecem que o caminho a seguir ainda é repleto de obstáculos. Questões como a rejeição pelo organismo receptor, riscos de infecção, o crescimento descontrolado do órgão e a possibilidade de transmissão de doenças permanecem como preocupações centrais. Para que essa tecnologia se torne segura e eficaz, aprimoramentos nas edições genéticas dos porcos doadores, juntamente com o desenvolvimento de medicamentos imunossupressores mais eficientes, são cruciais.

A técnica de edição genética CRISPR, que foi descoberta em 2012, desempenha um papel essencial nesse progresso, permitindo modificações precisas no DNA de animais que são utilizados como doadores de órgãos. Entre as alterações implementadas está a inativação de retrovírus suínos que poderiam representar um risco à saúde humana. O estudo destaca, portanto, o potencial do xenotransplante como uma solução promissora para salvar vidas, apesar da necessidade de rigorosas validações antes que essa abordagem possa ser aplicada a pacientes vivos.

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