Pressão interna e interferência política: Desembargador do TJ-GO vira alvo de manobras após criticar PM e envolvimento de parente de governador em processo.

O Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) foi palco de uma polêmica envolvendo o desembargador Adriano Roberto Linhares, que se tornou alvo de discussões após declarar a sua posição a favor do fim da Polícia Militar. Essas declarações chamaram a atenção do governador do estado, Ronaldo Caiado, que decidiu entrar com uma representação contra o magistrado no Conselho de Ética do tribunal.

Entretanto, o que não havia sido divulgado anteriormente é que o desembargador também enfrentou pressões internas para deixar a Câmara Criminal e, consequentemente, a relatoria de processos que envolviam um primo do governador, suspeito de estar ligado ao assassinato de um empresário em Anápolis.

O jornal O Estado de São Paulo teve acesso a uma gravação que revela uma conversa entre o presidente do Tribunal de Justiça, Carlos Alberto França, e o desembargador, na qual o presidente sugere que Adriano deveria deixar de atuar em processos criminais. Essa gravação foi inicialmente divulgada pelo portal Metrópoles.

Durante a conversa, o presidente França faz insinuações sobre a possibilidade de o desembargador atuar por um tempo na Câmara Cível, afirmando que isso poderia beneficiar tanto o tribunal quanto o próprio Adriano. Além disso, o presidente aborda a representação feita pelo governador Caiado, ressaltando que buscará uma solução interna antes de dar prosseguimento ao pedido do governador.

Em dezembro do ano passado, Adriano Linhares decidiu se declarar suspeito para atuar nos processos que envolviam o primo de Caiado, com a justificativa de “motivo de foro íntimo”. Procurado pelo Estadão, o governador negou ter interferido na decisão do desembargador, afirmando que Adriano Roberto Linhares já havia declarado publicamente que não houve influência do governo ou do governador em sua decisão.

A polêmica envolvendo o desembargador Adriano Linhares começou durante uma sessão de julgamentos da Câmara Criminal em novembro de 2023, quando ele criticou a atuação da Polícia Militar, chamando a corporação de “despreparada” e defendendo o fim desse modelo de policiamento. As declarações geraram reações do governador Caiado, que chamou o desembargador de “inconsequente” e “desrespeitoso”.

Diante desse cenário, fica evidente a tensão institucional entre os poderes do estado de Goiás, com o Tribunal de Justiça enfrentando pressões internas e externas em relação às suas decisões e posicionamentos. A transparência e a independência entre os poderes se tornam ainda mais importantes para garantir a harmonia e o bom funcionamento do sistema judiciário.

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