Diante desse cenário caótico, os 190 parlamentares que conseguiram ingressar na Assembleia se uniram de forma unânime para rejeitar a imposição da lei marcial, amparados pela Constituição do país. Para debater mais a fundo sobre a situação política que tomou conta da Coreia do Sul, o podcast Mundioka, apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho, recebeu a mestre e doutoranda do Instituto de Relações Internacionais da USP, Eunjae Kim.
Yoon defendeu sua decisão alegando que o país estava em iminente risco devido à suposta aliança da oposição com o governo da República Popular Democrática da Coreia, impedindo seu governo de apresentar legislações no Parlamento. No entanto, investigações policiais revelaram que boatos sobre a imposição da lei marcial já circulavam desde setembro, antes mesmo do decreto oficial.
A situação política já vinha se deteriorando há dois anos e meio durante o mandato de Yoon, com um Parlamento dominado por uma coalizão de seis partidos de oposição liderados pelo Partido Democrata. O presidente enfrentava dificuldades para aprovar suas propostas, enquanto influenciava a imprensa e as instituições para encobrir escândalos e investigações.
Após a oposição frustrar a tentativa de golpe, Yoon foi alvo de um processo de impeachment por abuso de poder e insurreição. O Partido do Poder Popular, governista, boicotou a primeira votação, mas na segunda etapa, 12 membros do partido votaram a favor do impeachment, que foi aprovado com 204 votos.
Como consequência, o presidente interino foi nomeado, vários membros do governo foram destituídos ou renunciaram, e um novo presidente da Corte Constitucional foi escolhido para dar prosseguimento ao julgamento de Yoon. Este, por sua vez, teve um mandado de prisão expedido, se tornando o primeiro presidente em exercício na história da Coreia do Sul a enfrentar tal situação.
A crise política se intensificou com a tentativa de prisão de Yoon sendo frustrada por forças de segurança e militares. O país testemunhou também a destituição do presidente interino, Han Duck-soo, por participar da declaração de lei marcial. A população sul-coreana se viu envolvida em uma situação caótica, enquanto o país enfrentava uma das suas maiores crises políticas da história.
Diante de todo esse cenário conturbado, a Coreia do Sul acompanha atentamente os desdobramentos políticos e jurídicos em busca de restabelecer a normalidade e a estabilidade do país, que se viu à beira de um autogolpe inédito em sua história recente.









