Presidente sul-coreano decreta lei marcial, oposição rejeita medida e tentativa de golpe resulta em impeachment e destituições em massa.

Na manhã do dia 3 de dezembro, o presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol chocou o país ao decretar lei marcial e autorizar o general quatro estrelas Park An-su a fechar a Assembleia Nacional, reprimindo assim todas as atividades políticas e cerceando a liberdade de imprensa. Essa medida drástica foi interpretada pela oposição, liderada pelo Partido Democrata, como uma tentativa de autogolpe para manter Yoon no poder.

Diante desse cenário caótico, os 190 parlamentares que conseguiram ingressar na Assembleia se uniram de forma unânime para rejeitar a imposição da lei marcial, amparados pela Constituição do país. Para debater mais a fundo sobre a situação política que tomou conta da Coreia do Sul, o podcast Mundioka, apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho, recebeu a mestre e doutoranda do Instituto de Relações Internacionais da USP, Eunjae Kim.

Yoon defendeu sua decisão alegando que o país estava em iminente risco devido à suposta aliança da oposição com o governo da República Popular Democrática da Coreia, impedindo seu governo de apresentar legislações no Parlamento. No entanto, investigações policiais revelaram que boatos sobre a imposição da lei marcial já circulavam desde setembro, antes mesmo do decreto oficial.

A situação política já vinha se deteriorando há dois anos e meio durante o mandato de Yoon, com um Parlamento dominado por uma coalizão de seis partidos de oposição liderados pelo Partido Democrata. O presidente enfrentava dificuldades para aprovar suas propostas, enquanto influenciava a imprensa e as instituições para encobrir escândalos e investigações.

Após a oposição frustrar a tentativa de golpe, Yoon foi alvo de um processo de impeachment por abuso de poder e insurreição. O Partido do Poder Popular, governista, boicotou a primeira votação, mas na segunda etapa, 12 membros do partido votaram a favor do impeachment, que foi aprovado com 204 votos.

Como consequência, o presidente interino foi nomeado, vários membros do governo foram destituídos ou renunciaram, e um novo presidente da Corte Constitucional foi escolhido para dar prosseguimento ao julgamento de Yoon. Este, por sua vez, teve um mandado de prisão expedido, se tornando o primeiro presidente em exercício na história da Coreia do Sul a enfrentar tal situação.

A crise política se intensificou com a tentativa de prisão de Yoon sendo frustrada por forças de segurança e militares. O país testemunhou também a destituição do presidente interino, Han Duck-soo, por participar da declaração de lei marcial. A população sul-coreana se viu envolvida em uma situação caótica, enquanto o país enfrentava uma das suas maiores crises políticas da história.

Diante de todo esse cenário conturbado, a Coreia do Sul acompanha atentamente os desdobramentos políticos e jurídicos em busca de restabelecer a normalidade e a estabilidade do país, que se viu à beira de um autogolpe inédito em sua história recente.

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