Presidente Lula critica privatizações de empresas e cobra responsabilidade da Vale em reparação de tragédias em Minas Gerais

Em uma cerimônia realizada na última quarta-feira (20), a posse de Magda Chambriard como presidente da Petrobras foi marcada pelas críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva às privatizações de grandes empresas do país. Lula citou diretamente a Eletrobras e a Vale, enfatizando que as duas poderiam estar atuando como indutores da economia brasileira ao lado da estatal de petróleo.

A Eletrobras foi privatizada em 2022 durante o governo de Jair Bolsonaro, com a redução da participação da União para menos de 50%. Já a Vale foi vendida em 1997, sob liderança do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em uma negociação com empresas privadas e fundos de pensão.

Em seu discurso, Lula lamentou a situação das duas empresas e a ausência de um dono definido para dialogar. Ele criticou o comportamento da Vale nos processos de reparação das tragédias em Mariana e Brumadinho, onde barragens da empresa se romperam causando mortes e danos ambientais.

O ex-presidente abordou o tema em meio às negociações para repactuar o acordo de reparação da tragédia de Mariana. O modelo implementado até o momento, que envolve a Fundação Renova, tem sido considerado mal sucedido por diversas entidades e governos envolvidos. Mais de 85 mil processos relacionados às tragédias tramitam na justiça brasileira.

As tratativas para um novo acordo se estendem há mais de dois anos, com as mineradoras apresentando propostas consideradas insuficientes pelas partes afetadas. A última oferta envolve a transferência de R$ 82 bilhões aos governos ao longo de 20 anos, porém a União e os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo pedem um valor maior: R$ 109 bilhões em 12 anos.

Lula ressaltou a importância de uma empresa ter responsabilidade social e de haver um dono claro para garantir que as obrigações sejam cumpridas. A Vale, procurada pela Agência Brasil, não quis comentar as declarações do ex-presidente, mas informou os valores destinados às ações de reparação das tragédias.

Em um cenário onde o diálogo e a responsabilidade são fundamentais, a busca por uma solução justa para as vítimas das tragédias continua sendo um desafio para as partes envolvidas. A espera por justiça e reparação para aqueles afetados pelas tragédias de Mariana e Brumadinho permanece, enquanto as negociações em torno de um novo acordo seguem em compasso de espera.

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