Presidente eleito da Guatemala pede destituição da procuradora-geral em meio a acusações de golpe de Estado.

O presidente eleito da Guatemala, Bernardo Arévalo, fez um apelo nesta segunda-feira aos tribunais do país para que destituam a procuradora-geral Consuelo Porras, a quem acusa de orquestrar um golpe de Estado com o objetivo de impedir sua posse em janeiro. Arévalo, cujo partido de esquerda é o primeiro a vencer uma eleição no país em mais de uma década, teve sua candidatura alvo de investigações pelo Ministério Público durante o pleito e foi inabilitado apenas oito dias após sua vitória. Em resposta, ele suspendeu o processo de transição de governo.

O presidente eleito convocou a população a marchar junto com ele até o Supremo Tribunal de Justiça, onde apresentou formalmente um mandado solicitando a demissão da procuradora-geral. Milhares de apoiadores, incluindo indígenas, ativistas e estudantes, organizaram protestos em várias partes do país exigindo a saída de Porras e outros agentes públicos envolvidos no suposto plano para impedir a posse de Arévalo.

Em sua convocação nas redes sociais, Arévalo escreveu: “Juntos, vamos apresentar um mandado de amparo e dizer com força #ForaGolpistas. Tragam sua bandeira azul e branca [da Guatemala] e vamos defender o direito de construir um futuro melhor”.

No recurso apresentado à Justiça, Arévalo também pedirá a saída de outros procuradores e do juiz envolvidos nas investigações contra seu partido. Alegando que está ocorrendo um golpe de Estado em curso, o presidente eleito afirmou que um grupo de políticos e funcionários corruptos se recusa a aceitar o resultado da eleição e está violando a ordem constitucional e a democracia.

O clima de tensão permanece no país, mesmo após o Movimiento Semilla, partido de Arévalo, ter sido reabilitado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O processo de transição do atual governo para o governo do presidente eleito segue suspenso.

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, afirmou que o processo de transição democrática na Guatemala está sob ameaça devido à caçada jurídica promovida pelo Ministério Público. Ele destacou que as denúncias contra o partido de Arévalo não têm clareza nem tipificação legal e questionou o fato de que as ações judiciais só começaram após a candidatura do presidente eleito.

Enquanto isso, o presidente eleito e sua vice, Karin Herrera, reforçaram sua segurança após a descoberta de dois planos para assassiná-los. Recentemente, um político do Movimiento Semilla foi morto a tiros perto da fronteira com o México.

Arévalo, filho de um ex-presidente guatemalteco conhecido por suas reformas políticas e sociais em favor dos trabalhadores, venceu a ex-primeira-dama Sandra Torres com 59% dos votos. Sua vitória é atribuída à esperança de mudança e à promessa de combate à corrupção.

A disputa política e as tensões permanecem durante o processo de transição. A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, está atenta às recentes ações judiciais e expressou preocupação com o respeito à ordem constitucional e democrática no país.

Sair da versão mobile