O presidente eleito convocou a população a marchar junto com ele até o Supremo Tribunal de Justiça, onde apresentou formalmente um mandado solicitando a demissão da procuradora-geral. Milhares de apoiadores, incluindo indígenas, ativistas e estudantes, organizaram protestos em várias partes do país exigindo a saída de Porras e outros agentes públicos envolvidos no suposto plano para impedir a posse de Arévalo.
Em sua convocação nas redes sociais, Arévalo escreveu: “Juntos, vamos apresentar um mandado de amparo e dizer com força #ForaGolpistas. Tragam sua bandeira azul e branca [da Guatemala] e vamos defender o direito de construir um futuro melhor”.
No recurso apresentado à Justiça, Arévalo também pedirá a saída de outros procuradores e do juiz envolvidos nas investigações contra seu partido. Alegando que está ocorrendo um golpe de Estado em curso, o presidente eleito afirmou que um grupo de políticos e funcionários corruptos se recusa a aceitar o resultado da eleição e está violando a ordem constitucional e a democracia.
O clima de tensão permanece no país, mesmo após o Movimiento Semilla, partido de Arévalo, ter sido reabilitado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O processo de transição do atual governo para o governo do presidente eleito segue suspenso.
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, afirmou que o processo de transição democrática na Guatemala está sob ameaça devido à caçada jurídica promovida pelo Ministério Público. Ele destacou que as denúncias contra o partido de Arévalo não têm clareza nem tipificação legal e questionou o fato de que as ações judiciais só começaram após a candidatura do presidente eleito.
Enquanto isso, o presidente eleito e sua vice, Karin Herrera, reforçaram sua segurança após a descoberta de dois planos para assassiná-los. Recentemente, um político do Movimiento Semilla foi morto a tiros perto da fronteira com o México.
Arévalo, filho de um ex-presidente guatemalteco conhecido por suas reformas políticas e sociais em favor dos trabalhadores, venceu a ex-primeira-dama Sandra Torres com 59% dos votos. Sua vitória é atribuída à esperança de mudança e à promessa de combate à corrupção.
A disputa política e as tensões permanecem durante o processo de transição. A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, está atenta às recentes ações judiciais e expressou preocupação com o respeito à ordem constitucional e democrática no país.