Presidente da Hungria renuncia após escândalo do perdão concedido a cúmplice de abuso sexual infantil em orfanato governado pelo Estado.

A situação política na Hungria sofreu um terremoto neste fim de semana, com a renúncia de Katalin Novák, a presidente do país. Novák, que ocupava o cargo desde 2022, concedeu um perdão presidencial a um homem condenado por ser cúmplice em um caso de abuso sexual infantil. Esta decisão gerou uma onda de protestos e escândalo político no país.

Em um discurso televisionado, Novák reconheceu o erro e disse que o perdão presidencial causou perplexidade e inquietação em muitas pessoas. A renúncia da presidente pode sinalizar uma rara crise política para o Fidesz, o partido conservador que governa a Hungria com maioria no Parlamento desde 2010.

O sistema político húngaro é uma democracia parlamentar, onde o primeiro-ministro é o chefe de governo e o presidente é o chefe de Estado. Viktor Orbán, líder do Fidesz e primeiro-ministro, e Novák eram aliados próximos. Ela havia servido como ministra da Família da Hungria e defendia abertamente os valores familiares tradicionais e a proteção das crianças.

O homem perdoado por Novák havia sido condenado a 3 anos de prisão em 2018 por pressionar vítimas a retirarem alegações de abuso sexual por parte do diretor de um orfanato. O diretor foi condenado a oito anos de prisão por abusar de pelo menos 10 crianças entre 2004 e 2016.

A então ministra da Justiça, Judit Varga, que apoiou o perdão presidencial na época, também anunciou sua aposentadoria da vida pública. Ela deveria liderar a lista de candidatos do Fidesz para o Parlamento Europeu, marcado para junho.

As decisões de Novák e Varga provocaram uma série de questionamentos sobre a tolerância zero à pedofilia, algo que Katalin Novák também reconheceu em seu discurso de renúncia. A presidente afirmou que a decisão de perdoar e a falta de justificativa puderam levantar dúvidas sobre a tolerância zero à pedofilia, mas destacou que não há nem pode haver qualquer dúvida sobre a gravidade deste tipo de crime.

A renúncia de Novák é um trunfo para aqueles que temem que o governo de Orbán esteja minando as instituições democráticas. O episódio coloca em xeque a moral de um governo que políticas consideradas como ultradireitistas e conservadoras profundamente alinhadas com os valores família tradicionais.

Em resumo, a renúncia de Novák abala o governo nacionalista de Viktor Orbán, que enfrenta críticas por seu estilo de liderança, e lança um ponto de interrogação sobre o futuro do Fidesz e do país.

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