Brasil se Reorganiza Após ‘Tarifaço’: Um Olhar Sobre a Soberania Alimentar
A recente imposição de tarifas elevadas pelos Estados Unidos sobre diversos produtos brasileiros gerou reações significativas por parte do governo brasileiro. O chamado ‘tarifaço’ provocou um esforço estratégico para resguardar a comercialização de produtos agrícolas, beneficiando desde pequenos agricultores até grandes exportadores. As tarifas, que chegaram a 50% desde o início de agosto, forçaram o Brasil a adotar medidas emergenciais, principalmente por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que desempenha um papel crucial na preservação da soberania alimentar.
Em entrevista, Edegar Pretto, presidente da Conab, destacou a importância do órgão no apoio ao governo durante esse período tumultuado. A Conab tem fornecido dados sobre a produção agrícola e as dinâmicas do mercado, o que tem sido essencial nas negociações com as autoridades. Pretto afirmou que, apesar da severidade das tarifas, o Brasil conseguiu não apenas lidar com as adversidades, mas também se fortalecer comercialmente. Segundo ele, a resposta do país foi abrir novas avenidas de comércio, resultando na abertura de mais de 420 mercados agrícolas.
Um marco importante na resposta do Brasil foi a recente missão ao México, onde o vice-presidente Geraldo Alckmin liderou uma comitiva em busca de fortalecer laços comerciais. O México, que também sofre com as tarifas americanas, expressou interesse em apoiar a soberania alimentar com a colaboração do Brasil. Nessa missão, mais de 350 empresários de ambos os países se reuniram para discutir acordos comerciais, evidenciando uma nova direção nas relações bilaterais.
Além disso, o governo brasileiro reativou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que havia sido descontinuado no ano anterior. Este programa visa auxiliar a agricultura familiar e garantir que os produtos sejam comprados a preços justo, evitando que os agricultores vendam a preços muito baixos em épocas de baixa demanda.
A postura do Brasil, segundo Pretto, também serve para demonstrar ao mundo que existem alternativas ao mercado americano. “Se os Estados Unidos não querem consumir nossos produtos, outros países estão dispostos a fazê-lo”, disse ele, enfatizando a resiliência e versatilidade do agronegócio brasileiro.
Diante de um cenário desafiador, o Brasil traça um caminho de adaptação e reestruturação, focando na construção de parcerias comerciais fortes e na garantia da sua soberania alimentar, demonstrando que, mesmo em meio a crises, é possível encontrar oportunidades para crescer e se reinventar.