Na sexta-feira (14), Milei surpreendeu ao utilizar suas plataformas digitais para expressar seu apoio a um projeto de criptomoeda chamado “Viva La Libertad Project”. O presidente argumentava que a iniciativa visava estimular o crescimento da economia argentina por meio do financiamento de pequenas empresas e empreendimentos locais.
Horas depois, Milei consolidou sua posição ao conceder uma entrevista ao portal financeiro Bloomberg Línea expressando seu respaldo ao projeto. A matéria publicada pelo portal foi prontamente atualizada para refletir os novos acontecimentos.
O projeto tinha como base a criptomoeda $LIBRA na blockchain Solana. Com o endosso de Milei, a moeda experimentou um aumento significativo em seu valor, chegando a ultrapassar a marca de US$ 5. No entanto, a valorização foi passageira, já que a moeda logo sofreu um decréscimo brusco devido a um golpe financeiro conhecido como Rug Pull.
Especialistas em finanças digitais apontam que a maioria esmagadora das $LIBRA estava concentrada nas mãos de poucos investidores, com um indivíduo detendo cerca de 50% de todas as moedas em circulação. A alta demanda provocada pelo apoio de Milei permitiu que esses detentores majoritários vendessem suas participações, levando o preço da moeda a patamares extremamente baixos.
O episódio resultou em perdas significativas para cerca de 44 mil pessoas, a maioria delas argentinas, que juntas acumularam um prejuízo de pelo menos US$ 87 milhões. A repercussão do golpe foi sentida até mesmo entre influenciadores digitais, que expressaram indignação nas redes sociais.
Diante da controvérsia, o presidente Milei utilizou suas redes sociais para se desvincular do projeto, alegando desconhecimento dos detalhes e anunciando a interrupção de seu apoio. Curiosamente, foi revelado que Julian Pe, CEO da empresa por trás do Viva La Libertad, já havia se encontrado com Milei em uma ocasião anterior.
Oposicionistas do presidente, como o advogado Juan Grabois, argumentam que Milei violou leis argentinas e defendem a abertura de um processo de impeachment. Diversos parlamentares de diferentes blocos partidários demonstraram interesse em apresentar tal pedido, destacando a gravidade do ocorrido e a necessidade de esclarecer os fatos.
Enquanto isso, a situação levanta questionamentos sobre a conduta do presidente como agente público e sua responsabilidade ao promover ativos financeiros sem a devida diligência. O Congresso argentino está sob pressão para investigar o caso e determinar possíveis responsabilidades.
Em meio à polêmica, o ministro da Economia Luis Caputo defendeu Milei, provocando ainda mais debate sobre as consequências dessa situação. A incerteza paira sobre o futuro do presidente argentino, cujas ações têm gerado controvérsia e descontentamento entre diversos setores da sociedade.
