Preocupações da esquerda com possíveis votos de Zanin abrangem temas desde marco temporal até o aborto.



Diante dos recentes posicionamentos do ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares da base de apoio ao presidente Lula (PT) estão preocupados com os possíveis votos do magistrado em assuntos caros ao grupo político. Na próxima quarta-feira, a Corte retoma o julgamento do marco temporal que discute a demarcação das terras indígenas no país.

O temor dos parlamentares é que Zanin vote favoravelmente à medida, que prevê que os povos originários só teriam direito às áreas que já ocupavam na data da promulgação da Constituição Federal. Até o momento, Nunes Marques votou pela constitucionalidade, enquanto Alexandre de Moraes e Edson Fachin pediram a rejeição.

Além disso, há a expectativa de que a ministra Rosa Weber paute a ação protocolada pelo PSOL que trata da descriminalização do aborto nos primeiros três meses de gestação. Isso deve ocorrer antes de sua aposentadoria compulsória, que está prevista para o início de outubro, quando completará 75 anos.

Outro tema que retornará à pauta é o Marco Civil da Internet, que é visto como uma possibilidade de estabelecer regras de regulação para as plataformas digitais, enquanto o Projeto de Lei das Fake News enfrenta entraves na tramitação na Câmara dos Deputados. Vale ressaltar que esse tema já chegou a ser pautado na Corte, mas foi retirado por pedido dos relatores, Luiz Fux e Dias Toffoli.

Diante dessas questões, deputados da base de apoio ao presidente Lula estão preocupados com o posicionamento de Zanin. Na última semana, o ministro votou contra a descriminalização do uso pessoal da maconha e também contra a tipificação da homofobia como injúria racial.

O deputado federal Reimont (PT-RJ) afirma que a preocupação aumenta porque o julgamento do marco temporal está próximo e espera que o ministro esteja de acordo com os interesses dos indígenas. No PSOL, os deputados também estão preocupados e alegam que o Judiciário está politizado.

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) afirma que o STF acaba tendo um papel na política devido à omissão do Congresso em temas importantes. Segundo ela, o aspecto técnico é importante nas indicações para a Corte, mas o alinhamento político e ideológico também deve ser considerado.

A opinião é compartilhada pela deputada Duda Salabert (PDT-MG), que argumenta que o conservadorismo dificulta que o STF legisle sobre questões importantes. Ela destaca que nos últimos anos a Corte foi responsável pela maioria dos avanços em direitos LGBTQIA+, como o reconhecimento do casamento em 2011.

Para Duda, os votos de Zanin são conservadores e vão na contramão dos legislativos e judiciários europeus. Segundo ela, o ministro não está comprometido com a justiça social e a reparação histórica de grupos excluídos.

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