A Prefeitura de Sorocaba, localizada no interior de São Paulo, tomou a polêmica decisão de retirar o livro ABC Doido, da autora Ângela Lago, das escolas municipais. A ação, considerada cautelar, foi motivada por reclamações feitas por alguns pais sobre o conteúdo da obra, embora os detalhes específicos das queixas não tenham sido divulgados. Os exemplares da obra, que foram distribuídos às escolas em 2012 como parte do Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), agora estão sendo recolhidos pela Secretaria da Educação (Sedu).
ABC Doido, lançado pela editora Melhoramentos em 2020, é um “livro-jogo” que visa facilitar a alfabetização de maneira lúdica. A obra inclui rimas, adivinhas e textos em letra bastão, favorecendo as primeiras leituras. Reconhecida em todo o Brasil, recebeu prêmios significativos, como o Jabuti na categoria de Melhor Livro Infantojuvenil, além de ter sido recomendada pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ).
A decisão da prefeitura gerou um debate acalorado na Câmara Municipal. A vereadora Iara Bernardi, do Partido dos Trabalhadores, protocolou um requerimento para obter esclarecimentos sobre os critérios pedagógicos e jurídicos que justificaram o recolhimento do livro. Ela enfatizou a importância de Ângela Lago no cenário da literatura infantil brasileira e alertou para as consequências que essa medida pode ter sobre o ambiente educacional. “Recolher e proibir o uso de uma obra literária nas escolas é uma decisão de grande impacto pedagógico e cultural, que deve ser apoiada por uma justificativa clara e pública”, declarou a vereadora.
Em resposta à crescente controvérsia, a administração municipal divulgou uma nota afirmando que a retirada dos exemplares foi realizada “de forma cautelar” e que a análise da situação será conduzida pela Comissão Permanente de Análise de Títulos de Livros Paradidáticos, criada em 2021. A prefeitura informou que um levantamento da quantidade de obras afetadas está em andamento, indicando que a situação continua em evolução. Essa medida levanta importantes discussões sobre censura e liberdade de expressão em ambientes educacionais, questões fundamentais no atual cenário social.
