De maneira veemente, Nunes, sem citar nominalmente seu adversário, referiu-se a Boulos com palavras extremamente duras, chamando-o de “invasor”, “vagabundo” e “sem vergonha”. A convenção, que visava formalizar alianças e consolidar estratégias para a próxima eleição municipal, ocorreu sem a presença das figuras de maior expressão do PL, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente nacional da sigla, Valdemar Costa Neto. Até o momento, Boulos se manteve em silêncio diante das ofensas.
“Quero agradecer a cada um dos senhores por dar esse voto de confiança para que a gente possa dar continuidade ao trabalho e vencer esse invasor, esse vagabundo, desse sem vergonha”, disse Nunes, direcionando suas palavras duras a Boulos.
O prefeito também aproveitou a ocasião para criticar, ainda que indiretamente, o ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT). A crítica é notável, considerando que o MDB integra a base do governo federal e participa da equipe econômica através da ministra do Planejamento, Simone Tebet. Nunes destacou sua gestão como exemplo de redução de impostos e eliminação de taxas, contrastando com as políticas federais que, segundo ele, visam aumentar a arrecadação. Haddad, apoiador de Boulos, tem sido um alvo frequente dos adversários, que o acusam de elevar a carga tributária.
Durante seu discurso, Ricardo Mello Araújo, o recém-anunciado vice de Nunes, expressou que ainda estava em processo de conhecer o prefeito. O coronel cometeu uma gafe ao afirmar que era uma honra participar da convenção do PL e competir pela “renovação” e “mudança”, apesar do histórico político de Nunes, que foi vereador por dois mandatos e governa São Paulo desde 2021, inicialmente como vice de Bruno Covas e depois como prefeito após o falecimento de Covas devido a um câncer.
Além de mencionar sua trajetória no comando da Rota e na gestão da Ceagesp, Mello Araújo destacou sua capacidade de realizar grandes mudanças em prazos curtos, afirmando que poderia concretizar em quatro anos o que geralmente levaria décadas com a combinação de sua vontade de trabalhar e a experiência do prefeito.
A ausência de Bolsonaro no evento, ainda que do PL, foi um ponto de interrogação, e Nunes não soube justificar claramente. Mello Araújo sugeriu que o ex-presidente tinha outras agendas que impediam sua participação.
Ricardo Nunes também aproveitou a ocasião para recordar um episódio inusitado ao conhecer Bolsonaro pela primeira vez, quando mentiu sobre ter assistido a um jogo do Palmeiras para ser simpático. Ele mencionou ainda o acordo firmado com Bolsonaro para extinguir a dívida de R$ 25 bilhões da Prefeitura com a União, trocando-a pela cessão do Campo de Marte à Aeronáutica, destacando que o único pedido do ex-presidente foi que os recursos economizados fossem destinados às pessoas mais necessitadas.
Por fim, ao ser questionado sobre a previsão de Pablo Marçal (PRTB) sobre a possibilidade de troca de vice até as eleições, Nunes ironizou afirmando que Marçal não estava “muito bem” como vidente e que deveria continuar como coach, encerrando a entrevista com um tom irônico.