A construção do muro, finalizada em maio do ano passado, gerou críticas em relação à abordagem da gestão municipal em relação aos problemas da dependência química e da violência na região central. Segundo informações do Portal da Transparência, a prefeitura gastou cerca de R$ 96 mil para realizar essa obra.
Diante das críticas, a Defensoria Pública do Estado recomendou a retirada dos gradis e outras barreiras físicas da Cracolândia, comparando o local a um “curral humano” em um relatório divulgado no ano passado. Após parlamentares do PSOL solicitarem a retirada do muro, o ministro Alexandre de Moraes pediu explicações sobre a construção do mesmo.
O prefeito Nunes questionou a solicitação do ministro, destacando a falta de fundamento legal para tal decisão. Ele enfatizou que a mudança do material do tapume para o muro de concreto teve como objetivo proteger as pessoas em situação de vulnerabilidade, facilitar o acesso aos tratamentos e permitir a entrada de equipes de assistência social na região.
Apesar das críticas, Nunes ressaltou que a Prefeitura tem direcionado esforços para oferecer tratamento aos usuários da região, com cinco pessoas encaminhadas para tratamento no dia anterior à sua declaração. Ele afirmou que a instalação do muro contribuiu para uma redução no número de usuários de drogas na região.
Entidades que atuam na Cracolândia criticaram a construção do muro, argumentando que a obra visava isolar os usuários e dificultar os trabalhos de assistência. O psiquiatra Flavio Falcone também apontou que a nova configuração da região tem espalhado ainda mais os usuários, dificultando o tratamento oferecido pelas equipes de saúde.
A polêmica em torno da construção do muro na Cracolândia continua gerando debates e questionamentos sobre a melhor abordagem para lidar com os problemas enfrentados por essa população vulnerável no centro de São Paulo. A Prefeitura aguarda a notificação formal do STF para apresentar suas justificativas e esclarecimentos sobre a obra.