A demanda por Kolhapuris vinha enfrentando desafios devido à concorrência com calçados mais sofisticados. Contudo, a notoriedade gerada pela discussão em torno da apropriação cultural parece ter revitalizado o setor. As vendas dos artesãos locais, que são predominantemente de Maharashtra e Karnataka, dispararam, com algumas peças sendo vendidas a preços cinco vezes superiores à média tradicional. Esse aumento no valor das Kolhapuris originais, que são confeccionadas em couro e costuradas à mão, é uma resposta direta à atenção global gerada pela marca de luxo.
Marcas locais, como Ira Soles e Niira, aproveitaram o ‘hype’ e começaram a oferecer promoções nas redes sociais, enfatizando a autenticidade de suas Kolhapuris. O design dessas sandálias já possui um selo de Indicação Geográfica, que assegura sua origem local e proteção contra cópias.
Por outro lado, a Prada, que até então não havia incluído menção à Índia em seu desfile na Semana de Moda de Milão, enfrentou críticas nas redes sociais devido ao que muitos consideraram uma falta de reconhecimento adequado pelos criadores das sandálias. A grife finalmente declarou seu respeito pela herança cultural indiana e se comprometeu a dialogar com os artesãos locais para potencialmente desenvolver uma colaboração.
Renee Lima, uma especialista em mercado de luxo, aponta que a prática de transformar símbolos culturais em produtos, desconsiderando seus criadores originais, pode prejudicar a credibilidade das marcas. A confiança construída em torno de valores como memória e significado é fundamental na indústria do luxo. A expectativa é que marcas como a Prada adotem uma postura mais consciente em relação à valorização das culturas que as inspiram, promovendo colaborações autênticas e reconhecimento efetivo para os criadores originais.