No Brasil, as eleições municipais de outubro de 2024 revelaram um avanço notável dos partidos de direita e centro-direita, que garantiram cerca de 60% das prefeituras. Este resultado reforçou a percepção de um país que está se tornando cada vez mais conservador. Já na Argentina, a demanda por uma retórica populista de direita se solidificou com a eleição de Javier Milei, um representante da extrema-direita, no final de 2023, que continua a ganhar popularidade.
O fenômeno se estende pelo Cone Sul, onde a direita tem se consolidado. No Paraguai, a vitória de Santiago Peña, do tradicional Partido Colorado, em abril de 2023, assegurou a continuidade de um governo conservador que já existe há décadas, com exceções breves. Outros países da América do Sul também estão sob a influência de lideranças de direita, como no Equador, onde Daniel Noboa assumiu a presidência em novembro de 2023, e no Peru, com Dina Boluarte no poder desde dezembro de 2022. A Bolívia, por sua vez, elegeu Rodrigo Paz, representando um governo de centro-direita.
Entretanto, a situação na Venezuela reflete um cenário de autoritarismo bem mais intenso sob Nicolás Maduro, que controla instituições e meios de comunicação, perpetuando a repressão a opositores e a limitação de liberdades individuais. As eleições de julho de 2024, que supostamente teriam consagrado uma nova vitória de Maduro, foram questionadas por denúncias de fraude.
Na Europa, o populismo de direita também apresenta um crescimento acentuado. Em junho de 2024, as eleições revelaram um aumento significativo na representação de partidos extremistas em várias nações. O partido de ultradireita austríaco, o FPÖ, conquistou um expressivo 29% dos votos nas eleições parlamentares de setembro. Na Alemanha, a Alternativa para a Alemanha (AfD) registrou resultados históricos, eclipsando até mesmo os resultados obtidos desde a Segunda Guerra Mundial em algumas áreas. O Reunião Nacional de Marine Le Pen na França e o Partido pela Liberdade na Holanda também demonstraram avanços significativos nas eleições recentes.
Esses movimentos sinalizam uma mudança na dinâmica política global, onde a insatisfação com o status quo proporciona um terreno fértil para o crescimento do populismo autoritário. O fenômeno é ainda mais exacerbado pela crise de confiança nas instituições democráticas, refletindo um anseio generalizado por respostas a demandas não atendidas. A interação entre política e volatilidade social continuará a moldar o futuro das democracias em todo o mundo, averiguando se os princípios democráticos conseguirão se reafirmar ou se o autoritarismo ganhará mais força. Essa questão se torna cada vez mais relevante à medida que exploramos o cenário político atual e suas implicações.
