Popularidade das ‘canetas para emagrecimento’ gera R$ 18 milhões em vendas em Alagoas e preocupa setores de saúde e alimentação rápida

As chamadas “canetas para emagrecimento”, como Wegovy, Ozempic e Mounjaro, têm se tornado um fenômeno no mercado brasileiro, especialmente em Alagoas, onde geraram R$ 18 milhões em vendas entre janeiro e maio de 2025. No cenário nacional, São Paulo lidera as vendas com impressionantes R$ 800 milhões, seguido pelo Rio Grande do Sul, que registrou R$ 168 milhões. Os estados vizinhos a Alagoas, como Bahia, Pernambuco e Sergipe, também não ficaram atrás, movimentando R$ 82 milhões, R$ 57 milhões e R$ 13 milhões, respectivamente. O total do mercado brasileiro desses medicamentos atingiu R$ 2,5 bilhões nos primeiros cinco meses de 2025, segundo dados oficiais que refletem vendas legais.

Especialistas da área de endocrinologia acrescentam que o impacto das “canetas” vai além do lucro das farmacêuticas. O endocrinologista Lucas Mendonça reconhece que, embora o comércio dessas substâncias tenha sido vantajoso para as empresas, os pacientes também experimentam benefícios significativos em sua saúde. Para ele, embora a busca por esses medicamentos seja influenciada pela vaidade, as melhorias na saúde dos pacientes são a principal razão para o aumento das vendas.

Entretanto, um aspecto alarmante observado por profissionais de saúde é o uso indiscriminado dessas substâncias, especialmente por pessoas com IMC normal. A médica Janaína Alencar alerta que muitos estão utilizando Ozempic sem o devido acompanhamento médico, o que pode resultar em riscos à saúde e desinformação. Ela observa que a tendência de buscar um corpo magro, promovida por redes sociais, está transformando a imagem pessoal em uma obsessão.

Além disso, a ascensão do uso desses medicamentos também repercute no setor de fast food. A crescente popularidade das “canetas” parece estar afetando diretamente o consumo em cadeias de alimentação rápida, segundo um especialista que analisou o comportamento do mercado. De acordo com ele, o efeito do medicamento é reduzir a fome, o que preocupa redes como McDonald’s e pizzarias, que já sentem a queda em seus faturamentos.

Nutricionistas também têm se manifestado sobre a utilização desses fármacos sem a devida orientação profissional. A nutricionista Drª Érika Gouveia enfatiza a importância de mudanças no estilo de vida para que a perda de peso seja efetiva e duradoura. Ela alerta que o emagrecimento promovido por medicamentos sem tratar as causas alimentares pode ser meramente temporário.

Os medicamentos, originalmente destinados ao tratamento de diabetes tipo 2, têm demonstrado um efeito positivo no controle do apetite e do metabolismo, o que os levou a serem usados off-label para perda de peso. Após a aprovação do Wegovy pela Anvisa em 2023 para o tratamento da obesidade, o acesso a esses produtos aumentou consideravelmente, amplificado pela busca por soluções rápidas e a influência das redes sociais na promoção de padrões estéticos cada vez mais rigorosos.

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