Delgatti ganhou notoriedade ao invadir não apenas sistemas governamentais, mas também o celular de diversas autoridades durante a operação Lava Jato, o que resultou na série de reportagens conhecida como Vaza Jato. Dentre suas ações mais polêmicas, destaca-se a inclusão de um pedido de prisão fictício contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, no CNJ, ação que ficou conhecida como um golpe direcionado ao Judiciário.
Por sua vez, Zambelli enfrenta uma condenação de 10 anos de prisão como suposta mandante desse crime, acusado de buscar deslegitimar o Judiciário e reforçar alegações infundadas de fraude nas eleições de 2022. Se a cassação ocorrer, isso deve ser confirmada pela Câmara dos Deputados, a qual, segundo a Constituição, precisa validar a perda do mandato de deputados que tiverem condenações transitas em julgado.
Durante a audiência, Zambelli participou remotamente devido a estar presa na Itália enquanto enfrenta um processo de extradição. Seu discurso foi voltado a questionar a credibilidade de Delgatti, argumentando que ele seria um mentiroso com motivações obscuras. Ela ainda ressaltou que, ao contrário do que o hacker afirmara, ele não teria permanecido em sua residência por um período extenso, mas apenas algumas horas.
Delgatti, no entanto, rebateu as alegações, acrescentando que a própria defesa de Zambelli poderia estar distorcendo a realidade. No embate, ele sugeriu que as informações falsificadas e a manipulação das narrativas ao redor de sua atuação e da parlamentar visavam uma proteção política que, segundo ele, não deveria existir.
Parlamentares que apoiam a cassação de Zambelli veem as audiências como uma manobra protelatória, e o relator da CCJ, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), mencionou a possibilidade de solicitar acesso integral ao processo, o que poderia atrasar ainda mais os desdobramentos. Para a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), o que estava em jogo era um “abuso de prerrogativa” de Zambelli que, segundo ela, deveria ser cassada sem mais delongas.
Por outro lado, Zambelli e seus aliados argumentam que ela representa milhões de brasileiros e que a comissão de justiça deve agir de forma imparcial. Esta situação complexa, marcada por acusações graves de ambos os lados, insere-se em um panorama mais amplo de disputas políticas que tem gerado divisões na sociedade brasileira e nas instituições governamentais. A resolução desse caso não é apenas uma questão de justiça penal, mas também reflete as tensões nas narrativas políticas contemporâneas no Brasil.