POLÍTICA – Silêncio autorizado: presidente do Sindnapi não responde em CPMI sobre fraudes do INSS, gerando críticas sobre “blindagem” de aliados do governo.

O recente desenrolar na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) trouxe à tona um importante desdobramento jurídico. O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu ao presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho, o direito de permanecer em silêncio durante o depoimento agendado para esta quinta-feira (9).

A decisão do ministro se fundamenta na proteção legal que permite a um convocado optar por não responder perguntas que possam resultar em autoincriminação. Dino avaliou que, embora Milton Cavalo deva comparecer à CPMI, sua participação deve ser resguardada diante dos indícios de que sua convocação, embora formalmente como testemunha, possui características de uma investigação que poderia comprometê-lo legalmente.

O senador Carlos Viana, presidente da CPMI e membro do Podemos-MG, manifestou descontentamento com o que considera uma “blindagem” de indivíduos associados ao governo. Viana criticou o uso da legislação por parte desses indivíduos para evitar prestar esclarecimentos à CPI, condenando o que vê como uma falta de transparência e accountability nesse contexto.

A convocação de Milton Cavalo, além de ser uma pauta significativa na CPMI, reflete uma preocupação ampla sobre a suposta ocorrência de fraudes nos benefícios previdenciários. O Sindnapi, organização liderada por Cavalo, é investigada em um escopo maior que envolve mais de dez entidades. Uma curiosidade notável desse caso é a relação de Cavalo com a política brasileira: seu vice-presidente, José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, é irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, embora não esteja sob investigação.

Esse cenário levanta questões sobre a relação entre política e sindicalismo, além de colocar em evidência a complexidade das investigações sobre fraudes que têm atingido um dos pilares da seguridade social no Brasil. A situação se desdobrará nas próximas sessões da CPMI, enquanto parlamentares e o público aguardam esclarecimentos e possíveis repercussões legais.

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