A coordenadora de Justiça Racial e de Gênero da Oxfam Brasil, Bárbara Barboza, criticou a proposta, afirmando que ao invés de avançar na representação política das mulheres, estaria-se regredindo décadas. Ela ressaltou que a exigência atual de 30% de candidaturas femininas é essencial para garantir a participação das mulheres nos processos eleitorais e para evitar a concentração de recursos do fundo partidário nas mãos de homens brancos, excluindo assim as mulheres, especialmente as negras, do acesso aos recursos financeiros para suas campanhas.
Bárbara alertou ainda para a possibilidade de violência política de gênero e raça, caso a obrigatoriedade das candidaturas femininas seja retirada, o que poderia dificultar o exercício dos direitos políticos das mulheres. Ela também ressaltou que as mulheres negras, apesar de representarem 28% da população brasileira, ocupam menos de 3% das cadeiras na Câmara dos Deputados, o que demonstra a baixa representatividade desse grupo no cenário político nacional.
Diante desse cenário, a proposta em discussão no Senado para o novo Código Eleitoral levanta questionamentos sobre a manutenção ou não da obrigatoriedade das candidaturas femininas e os impactos que essa mudança pode ter na representatividade das mulheres, especialmente as negras, na política brasileira. Medidas que visem fortalecer a participação das mulheres e garantir a igualdade de gênero nas instâncias de poder são essenciais para promover uma democracia mais inclusiva e representativa para todos.