Ao pedir o apoio dos colegas sul-americanos a uma minuta acordada pelos chanceleres do bloco regional, Lula afirmou que a situação em Equessibo não pode ficar alheia ao Mercosul. Ele defendeu que a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) sejam utilizadas para o encaminhamento pacífico da questão. Além disso, o ex-presidente brasileiro colocou o país à disposição para sediar “quantas reuniões forem necessárias” entre as partes envolvidas.
Durante a cúpula, estavam presentes também os presidentes Luis Lacalle Pou, do Uruguai; Santiago Peña, do Paraguai; e Alberto Fernández, da Argentina, que deixará o cargo em breve. Lula considerou lamentável a última participação de Fernández como um dos presidentes do Mercosul e ressaltou que é amigo do argentino.
O encontro no Rio de Janeiro não se limitou à questão de Equessibo. O presidente da Bolívia, Luis Arce, também participou da reunião, que selou a adesão do país andino ao bloco regional. Durante a cúpula, Lula adiantou que será apresentado um programa de ligação logística dos países, com estruturação de rodovias, ferrovias, hidrovias e aeroportos, com financiamento pelo BNDES.
Outro ponto abordado foi a assinatura de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e Singapura, considerado um passo importante pelo ex-presidente. Entretanto, a expectativa para o anúncio da assinatura de um tratado de comércio entre o Mercosul e a União Europeia foi substituída pela manifestação contrária do presidente da França, Emmanuel Macron.
Diante das discussões e dos desafios enfrentados pela região, Lula sugeriu a criação de uma comissão especial para discutir democracia, informação e ambientes digitais. Ele ressaltou a importância de estar sempre atento às novas ameaças e atualizar os mecanismos de regulação globalmente.
A reunião dos países do Cone Sul também marcou a retomada da Cúpula Social, que não acontecia de forma presencial havia 7 anos. Nesse contexto, Lula destacou a importância da participação social na defesa do meio ambiente, combate à fome, dignidade para trabalhadores e políticas de direitos humanos.
Ao final, o ex-presidente fez um breve histórico sobre o Mercosul, ressaltando que as trocas comerciais dentro do bloco multiplicaram-se mais de dez vezes desde sua criação e destacou o potencial de integração regional que o bloco representa. Ao abordar a resistência da União Europeia em reconhecer a credibilidade de dados sul-americanos sobre desmatamento, Lula reforçou o compromisso do Brasil em tratar a questão ambiental com seriedade, focando na meta de desmatamento zero até 2030.