POLÍTICA – “Presidente da CBPA nega irregularidades, mas CPIM apura desvios de R$ 221,8 milhões em benefícios de pescadores; silêncio durante depoimento provoca impasse.”

O presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, compareceu nesta quarta-feira (3) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e negou categoricamente que a entidade seja considerada uma organização fantasma. A CBPA está entre as instituições alvos de investigações da Polícia Federal, no contexto da Operação Sem Desconto, que busca esclarecer descontos irregulares aplicados a benefícios do INSS entre 2019 e 2024.

Durante seu depoimento, Abraão Lincoln destacou que a CBPA, que começou com 12 federações, hoje conta com 21, abrangendo mais de mil colônias e sindicatos de pescadores em todo o Brasil. “Existimos. A pesca artesanal é uma realidade em quase todos os estados”, declarou ele, ressaltando que a entidade possui presença significativa em 95% dos municípios onde opera, embora, como muitas confederações, não tenha vínculos diretos com trabalhadores, que são representados por essas federações.

No entanto, um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) trouxe à tona sérias alegações, descrevendo a sede da CBPA como uma “pequena sala comercial”, com uma única funcionária para atendimento. A CGU questionou a infraestrutura da entidade para atender seus supostos 360.632 associados, espalhados por mais de 3.600 localidades.

Além disso, Abraão Lincoln está sob investigação por supostas práticas fraudulentas envolvendo desvios que totalizam R$ 221,8 milhões, afetando aposentados e pensionistas. Como consequência, a Justiça Federal do Distrito Federal determinou o bloqueio dos bens tanto dele quanto da CBPA.

Durante a CPMI, o depoente invocou seu direito de permanecer em silêncio em relação a perguntas que poderiam incriminá-lo, amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Essa decisão foi controversa e gerou tensão, uma vez que o relator da Comissão, Alfredo Gaspar, expressou seu descontentamento com a recusa de Abraão em responder a perguntas que não o comprometiam diretamente.

Com a situação se tornando complexa, o presidente da CPMI, Carlos Viana, decidiu suspender temporariamente os trabalhos para tentar resolver o impasse com a defesa de Abraão Lincoln, indicando que o desdobramento dessa questão poderá ter consequências significativas nas investigações em curso. A CPMI continua sob um intenso escrutínio, à medida que busca esclarecer as práticas irregulares relacionadas ao INSS e a atuação das entidades representativas no setor pesqueiro.

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