POLÍTICA – Polícia Federal reafirma que investigará desvios em emendas parlamentares sem considerar a estatura política envolvida na Operação Transparência.

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, assegurou, em entrevista nesta segunda-feira (15), que a instituição permanece imune a influências políticas durante suas investigações, especialmente no que tange ao uso irregular de emendas parlamentares. Durante um café da manhã com jornalistas em Brasília, Rodrigues enfatizou que a PF analisará minuciosamente todos os elos envolvidos na operação intitulada “Operação Transparência”, que teve início na última sexta-feira (12) para investigar desvios ligados ao chamado “orçamento secreto”. Essa modalidade de emenda é criticada por sua falta de transparência, já que permite a alocação de recursos sem a identificação clara de quem os requisitou ou quem os recebeu.

Rodrigues declarou: “Estamos comprometidos em investigar com serenidade, seriedade e responsabilidade. Não olhamos para a estatura política, econômica ou cultural de quem quer que seja.” Ele elaborou que as investigações incluem a análise de possíveis intermediários, parlamentares e outros envolvidos, assegurando que “todos os elos” do processo serão considerados. Apesar de Mariângela Fialek, conhecida como “Tuca”, servidora do Legislativo e assessora do deputado Arthur Lira, ser um dos principais alvos da operação, o próprio Lira não é, até o momento, investigado.

A operação se desenrola no contexto de um aumento do uso de emendas do tipo relator, além de emendas de comissão e bancada, práticas que levantam sérias questões sobre a constitucionalidade e o controle dos gastos públicos. De acordo com uma decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, a servidora investigada operava com uma “atuação contínua, sistemática e estruturada” na liberação desse orçamento.

Rodrigues reafirmou que a PF está comprometida com a integridade das investigações e não se deixará abalar por pressões políticas. Ele criticou a “fulanização” das apurações, que tendem a focar em indivíduos específicos, desviando a atenção do problema mais amplo do manejo das emendas parlamentares. Durante a conversa, o diretor também fez um apelo aos legisladores, ressaltando que a luta contra o crime organizado deve ser uma responsabilidade coletiva. Ele argumentou que é contraditório ser rígido nas falas sobre o crime e não aprovar legislação que ajude efetivamente no combate ao problema.

Rodrigues, porém, rejeitou a ideia de que a operação represente uma “caça às bruxas” e frisou a importância de não criminalizar a atividade política em si. Em suas palavras, as emendas parlamentares são instrumentos legítimos que devem ser usados de forma adequada e respeitando as normas vigentes. Apesar do sigilo que envolve as investigações e de não revelar a quantidade de apurações abertas na PF sobre o tema, é evidente que a instituição está se posicionando firmemente diante de questões que afetam a transparência e a ética no uso de recursos públicos.

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