POLÍTICA –

Polêmica na Câmara: Audiência Pública Debate Violência Contra Jornalistas e Censura na Imprensa

A recente atuação violenta de policiais legislativos contra jornalistas na Câmara dos Deputados, marcada por atos de agressão e uma tentativa de censura ao interromper o sinal da TV Câmara, gerou a convocação de uma audiência pública no Senado, ocorrida nesta quinta-feira. O incidente, que ocorreu na última terça-feira, aconteceu durante uma ação de protesto do deputado Glauber Braga, do PSOL do Rio de Janeiro, que ocupou a presidência da Casa em desacordo com o presidente da Câmara, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba. A repressão não atingiu apenas Braga, mas também os profissionais de imprensa que estavam presentes, que foram forçados a deixar o plenário e foram alvo de agressões.

Ao iniciar os debates na Comissão de Direitos Humanos, o senador Paulo Paim (PT-RS), responsável pelo pedido de audiência, expressou sua indignação, ressaltando que a violência contra jornalistas é alarmante e inaceitável em uma sociedade democrática. Ele foi o único parlamentar a se manifestar durante a sessão, destacando a solidariedade aos jornalistas agredidos.

Em resposta ao episódio, Octávio Costa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), anunciou que a entidade protocolou uma representação na Procuradoria-Geral da República pedindo que ações sejam tomadas contra Hugo Motta por crime de responsabilidade, reiterando a necessidade de responsabilização por atos que infringem a Constituição Federal. Costa enfatizou que a impunidade não pode prevalecer e que a violência contra jornalistas é um ataque à liberdade de imprensa.

A situação foi ainda mais abordada por Bia Barbosa, coordenadora de Incidência para a América Latina da Repórteres sem Fronteiras, que apontou uma crescente banalização da violência e da censura no país, exacerbada durante o governo anterior. Kátia Brembatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), também enfatizou a escalada da violência, que agora se manifesta não apenas fisicamente, mas também através de intimidadores processos judiciais que têm o poder de silenciar jornalistas.

Citando dados alarmantes, Samira Cunha, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), ressaltou que 2024 já contabiliza 144 casos de violência contra jornalistas, evidenciando um cenário preocupante para a liberdade de imprensa. Ela reforçou que essas atitudes não podem ser normalizadas em uma sociedade que se diz democrática e que o cerceamento da atividade jornalística impacta diretamente o direito à informação dos cidadãos.

O fortalecimento da liberdade de imprensa e a proteção dos jornalistas se tornam, portanto, questões centrais em um momento em que a democracia pede atenção redobrada para garantir que a informação continue a fluir livremente, sem o temor de represálias e violência.

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