POLÍTICA – PF Indicia Ex-Ministro da Justiça e Ex-Diretor da PRF por Suspeita de Bloqueio de Eleitores no Nordeste



A Polícia Federal (PF) procedeu na última sexta-feira (16) ao indiciamento do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques e mais quatro policiais, sob suspeita de tentarem obstruir o trânsito de eleitores no Nordeste durante o segundo turno das eleições de 2022. As investigações apontam para a emissão de ordens ilegais e a realização de operações específicas pela PRF com o intuito de dificultar o deslocamento de eleitores favoráveis ao então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, que disputava a presidência com Jair Bolsonaro, candidato à reeleição.

A PF enviou um relatório parcial à Procuradoria Geral da República (PGR), que agora se debruçará sobre os indícios para decidir se há substância suficiente para a denúncia judicial, se são necessárias mais investigações ou se o caso deve ser arquivado por falta de provas. As investigações da PF continuam, e um prazo adicional foi requisitado para aprofundar as apurações. Junto a Torres e Vasques, foram indiciados os policiais federais Alfredo de Souza Lima Coelho Carrijo, Fernando de Sousa Oliveira, Leo Garrido de Salles Meira e Marília Ferreira de Alencar. Estes estão sendo investigados à luz do artigo 359-P do Código Penal, que versa sobre violência política, ao visarem restringir, impedir ou dificultar o exercício dos direitos políticos de terceiros.

As ações investigadas pela PF se configuraram como blitze em estradas e rodovias, concentrando-se no Nordeste, onde Lula liderava as pesquisas eleitorais. O objetivo seria favorecer a candidatura de Jair Bolsonaro, impedindo que eleitores de Lula chegassem aos locais de votação. Dados levantados pela investigação revelam que o número de policiais da PRF destacados para o Nordeste no segundo turno foi significativamente maior do que em outras regiões. Em 30 de outubro, foram mobilizados 795 policiais no Nordeste, contra 230 no Norte, 381 no Centro-Oeste, 418 no Sul e 528 no Sudeste.

A investigação também constatou que o número de ônibus fiscalizados foi desproporcionalmente elevado no Nordeste, totalizando 2.185 veículos, enquanto no Norte foram 310, no Sudeste 571, no Sul 632 e no Centro-Oeste 893. Além disso, o celular de Marília Alencar, ex-assessora de Anderson Torres, revelou imagens de um painel mapeando municípios onde Lula teve uma votação expressiva.

Recentemente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a libertação de Silvinei Vasques, que permaneceu preso por cerca de um ano devido às suspeitas de uso da PRF para interferir no deslocamento dos eleitores. Moraes considerou que, com o avanço das investigações, não havia mais motivos para a manutenção da prisão preventiva, impondo medidas alternativas como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de uso de redes sociais.

Anderson Torres também esteve preso, entre janeiro e maio deste ano, por determinação do STF, devido às investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Torres estava à frente da Secretaria de Segurança do Distrito Federal na ocasião, após deixar o Ministério da Justiça com o fim do governo Bolsonaro.

A defesa de Silvinei Vasques declarou não acreditar no enquadramento de seu cliente no tipo penal mencionado pela PF, e mostrou confiança no arquivamento do caso pela PGR. Segundo o advogado Eduardo Nostrani Simão, a acusação não se compatibiliza com o crime de violência política, argumento que fundamenta a expectativa pelo arquivamento.

A Agência Brasil está buscando contato com as defesas de Anderson Torres e dos demais envolvidos.

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