POLÍTICA – Oposição Ocupa Plenários do Congresso em Protesto Contra Prisão de Bolsonaro e Pede Anistia Geral e Impeachment de Alexandre de Moraes

Na madrugada de quarta-feira, 6 de setembro, um grupo de deputados e senadores da oposição decidiu pernoitar nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, numa tentativa de ocupar as mesas diretoras e impedir o retorno das atividades legislativas. O ato, que se desenrolou ao longo da madrugada, foi uma resposta à prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada na segunda-feira, 4 de setembro. Os opositores, predominantemente do Partido Liberal (PL), protestam contra essa decisão judicial, que consideram uma violação de direitos.

Os líderes da bancada governista classificaram a ocupação do Parlamento como uma medida ilegal, comparando-a a eventos que culminaram em crises institucionais, como o que ocorreu em 8 de janeiro. Em meio a essa tensão, os presidentes da Câmara e do Senado, Hugo Motta e Davi Alcolumbre, agendaram reuniões de liderança para discutir como proceder diante da situação.

Entre as demandas dos opositores está a proposta de uma anistia geral e irrestrita aos condenados por participarem da tentativa de golpe, além da solicitação de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Moraes atua como relator de uma ação que busca responsabilizar Bolsonaro pela suposta tentativa de anular as eleições de 2022, envolvendo pressões militares e ameaças a autoridades.

Flávio Bolsonaro, senador e filho do ex-presidente, foi um dos parlamentares que permaneceram no plenário, afirmando em redes sociais que a mobilização é um esforço para colocar em pauta questões vitais para o país. Ele argumentou que a agenda da oposição, se aprovada, poderia diminuir as tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, atribuídas em parte ao processo contra seu pai.

Por outro lado, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, condenou a ocupação, considerando-a uma manobra para proteger Bolsonaro e alertando que, devido a essas ações, a votação de projetos importantes, como a isenção do Imposto de Renda, está em risco. A proposta que visa isentar do IR quem recebe até dois salários mínimos foi aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos, mas ainda aguarda votação no plenário.

Frente a essa crise, os presidentes das Casas legislativas se manifestaram. Hugo Motta, ao cancelar a sessão programada, enfatizou a necessidade de diálogo e entendimento, enquanto Davi Alcolumbre descreveu a ocupação como uma violação dos princípios democráticos, reforçando seu compromisso com o retorno ao funcionamento regular do Parlamento. A situação se configura como um novo capítulo nas intensas divisões políticas do país, destacando a fragilidade da governabilidade e os desafios enfrentados pelo Congresso em tempos de crise.

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