De acordo com o depoimento de Delgatti à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, o encontro com os servidores da Defesa tinha como objetivo a elaboração de um relatório sobre segurança nas urnas eletrônicas e a obtenção de informações sobre o código-fonte do equipamento. A intenção era utilizar o documento para questionar a integridade do sistema brasileiro de votação. Delgatti afirmou aos parlamentares que orientou os militares responsáveis pela produção do relatório, que foi entregue em novembro de 2022.
O ministro Múcio explicou que enviou um ofício à PF na última sexta-feira (18), após as declarações de Delgatti na CPI. No entanto, a PF informou que não poderia fornecer qualquer informação devido ao segredo de Justiça do processo, sendo que somente o ministro Alexandre de Moraes poderia fornecer esses dados. Dessa forma, Múcio encaminhou o pedido diretamente ao ministro Moraes, incluindo uma cópia do ofício recebido da PF, e agora está aguardando uma resposta.
Durante seu depoimento na CPMI, Delgatti revelou que esteve cinco vezes no Ministério da Defesa, entrando pela porta dos fundos do prédio, e se reuniu com o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e com servidores da área de Tecnologia da Informação. Segundo o hacker, como a análise do código-fonte da urna eletrônica só poderia ser realizada na sede do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os técnicos do Ministério da Defesa repassavam as informações coletadas no tribunal para ele. Delgatti também afirmou que foi ele quem orientou a produção do relatório das Forças Armadas sobre o sistema eleitoral.
O ministro Múcio informou que determinou uma varredura nas câmeras de segurança do prédio do Ministério da Defesa, mas não encontrou registros da entrada de Delgatti ou de suas reuniões com militares. Ele ressaltou que não deseja considerar todos no Ministério como suspeitos e que somente abrirão procedimentos de investigação internos quando souberem oficialmente quem são os militares envolvidos.
Múcio também afirmou que o clima nos quartéis é de absoluta tranquilidade e que as Forças Armadas estão cientes da importância de colaborar com as investigações e separar os envolvidos nos atos criminosos. Ele usou a metáfora de um time de futebol, afirmando que se há um jogador indisciplinado, ele é expulso e a equipe continua.
Além disso, o ministro revelou que a reunião com o diretor-geral da PF teve como objetivo convidá-lo para participar do evento de celebração do Dia do Soldado, no próximo dia 25 de agosto. Múcio destacou a importância da presença de Rodrigues e de outros membros do governo no evento, para demonstrar à sociedade que estão todos unidos em prol do país.
Essas são as últimas informações sobre o pedido de informações feito pelo ministro da Defesa ao STF, no intuito de identificar quais militares estiveram envolvidos nas reuniões com o hacker Delgatti. Agora, aguarda-se a resposta do ministro Alexandre de Moraes para que as investigações possam avançar e esclarecer os fatos relacionados aos atos antidemocráticos de janeiro deste ano.