Atualmente, 1,3 milhão de haitianos foram deslocados internamente devido à atividade das gangues, que mergulharam o país em um panorama de violência. Em sua fala, o presidente lembrou que o Haiti não deve continuar a sofrer consequências negativas em razão de sua história como o primeiro país das Américas a conquistar a independência. Segundo ele, o abandono por parte da comunidade internacional precisa ser substituído por um engajamento real em prol do desenvolvimento haitiano.
Lula também destacou o apoio do Brasil a um esforço multilateral que possa restaurar a segurança e a ordem no Haiti, por meio da formação de agentes da polícia local. Nesse contexto, o Brasil se comprometeu a treinar 400 policiais haitianos, essencial para estabilizar a situação e criar as condições necessárias para a realização de eleições.
Ele lembrou ainda que o Brasil possui um histórico de contribuição ao Haiti, tendo liderado a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), que atuou entre 2004 e 2017, e que foi essencial na recuperação do país após o devastador terremoto de 2010. Lula anunciou também um novo programa de transferência de renda para os haitianos, a ser financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Na cúpula, que reúne líderes de 13 países da região, foram discutidos temas relevantes como segurança alimentar, mudanças climáticas e integração regional. Lula defendeu a criação de um espaço de diálogo permanente com os países caribenhos e enfatizou a importância de uma abordagem coletiva para enfrentar desafios comuns, como a fome que ainda afeta milhões na região.
O presidente criticou o embargo a Cuba e exortou à cooperação regional em questões climáticas, defendendo que os países desenvolvidos forneçam suporte adequado aos pequenos estados insulares que enfrentam os efeitos das mudanças climáticas. Em seus comentários, Lula sublinhou a necessidade de diversificação das fontes de energia e destacou o potencial do Caribe para produção de energia renovável.
Com investimentos de US$ 3 bilhões previstos pelo Brasil em projetos na América do Sul, Lula assegurou que parte destes recursos será canalizada para fortalecer a conexão com os países caribenhos, buscando melhorar a infraestrutura regional e facilitar o comércio. Em suma, o encontro não foi apenas uma oportunidade para debater questões urgentes, mas também um passo significativo na busca por uma maior autonomia e integração entre Brasil e Caribe.