POLÍTICA – Lula Lamenta Morte de Delfim Netto, Ícone da Economia Brasileira, aos 96 Anos

Na última segunda-feira, 12 de agosto, o Brasil perdeu um de seus economistas mais renomados e influentes, Antônio Delfim Netto, aos 96 anos, em São Paulo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou pesar pela morte do ex-ministro e aproveitou a ocasião para rememorar a também recente perda da economista Maria da Conceição Tavares, que faleceu em junho. “O Brasil perdeu duas referências do debate econômico no país”, lamentou Lula, ao se referir aos dois icônicos personagens da história econômica nacional.

Luiz Inácio Lula da Silva, em nota, destacou o legado deixado por ambos os economistas. “Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos”, escreveu o presidente.

Nascido em São Paulo, em maio de 1928, Delfim Netto construiu uma carreira sólida como economista e professor. Durante o regime militar, ocupou os cargos de ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, além de ser um dos signatários do Ato Institucional número 5 (AI-5), conhecido por suspender direitos e garantias individuais. Mesmo com um histórico controverso, Delfim Netto teve uma contribuição significativa na elaboração das políticas econômicas do período, e foi reconhecido por Lula por seu papel defensor nas políticas de desenvolvimento e inclusão social dos primeiros mandatos do presidente.

Delfim Netto também teve uma carreira política marcante, sendo deputado federal na Constituinte de 1987 a 1991 pelo Partido Democrático Social e reeleito diversas vezes como deputado federal por São Paulo até 2007. Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional e do Senado, expressou condolências aos familiares e amigos, ressaltando o papel histórico que Delfim desempenhou desde jovem, ao tornar-se um dos mais jovens ministros do país aos 38 anos.

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, recordou os debates qualificados sobre políticas de desenvolvimento nacional na Comissão de Economia, onde ambos atuaram como deputados. Embora houvesse divergências políticas e econômicas, Mercadante reconheceu o comprometimento de Delfim com a produção e o crescimento econômico do país, além de seu apoio crucial ao governo Lula em momentos desafiadores.

Delfim Netto foi uma figura central no período conhecido como o “milagre econômico”, durante seu mandato como ministro da Fazenda de 1967 a 1974, e posteriormente como ministro do Planejamento entre 1979 e 1985. Em nota, o Ministério da Fazenda destacou sua contribuição inestimável para o debate econômico brasileiro ao longo das décadas, expressando respeito e solidariedade aos familiares e amigos.

Entre outras homenagens, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, destacou a importância de Delfim Netto na história do Brasil nos últimos 60 anos, mencionando seu papel visionário na valorização da economia agrícola com a criação da Embrapa e seu brilhantismo intelectual que o levou a altos cargos públicos.

Delfim Netto estava internado desde 5 de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações de saúde. Sua morte marca o fim de uma era para a economia brasileira e deixa um legado rico para os estudiosos e praticantes da ciência econômica.

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