Luiz Inácio Lula da Silva, em nota, destacou o legado deixado por ambos os economistas. “Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos”, escreveu o presidente.
Nascido em São Paulo, em maio de 1928, Delfim Netto construiu uma carreira sólida como economista e professor. Durante o regime militar, ocupou os cargos de ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, além de ser um dos signatários do Ato Institucional número 5 (AI-5), conhecido por suspender direitos e garantias individuais. Mesmo com um histórico controverso, Delfim Netto teve uma contribuição significativa na elaboração das políticas econômicas do período, e foi reconhecido por Lula por seu papel defensor nas políticas de desenvolvimento e inclusão social dos primeiros mandatos do presidente.
Delfim Netto também teve uma carreira política marcante, sendo deputado federal na Constituinte de 1987 a 1991 pelo Partido Democrático Social e reeleito diversas vezes como deputado federal por São Paulo até 2007. Rodrigo Pacheco, presidente do Congresso Nacional e do Senado, expressou condolências aos familiares e amigos, ressaltando o papel histórico que Delfim desempenhou desde jovem, ao tornar-se um dos mais jovens ministros do país aos 38 anos.
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, recordou os debates qualificados sobre políticas de desenvolvimento nacional na Comissão de Economia, onde ambos atuaram como deputados. Embora houvesse divergências políticas e econômicas, Mercadante reconheceu o comprometimento de Delfim com a produção e o crescimento econômico do país, além de seu apoio crucial ao governo Lula em momentos desafiadores.
Delfim Netto foi uma figura central no período conhecido como o “milagre econômico”, durante seu mandato como ministro da Fazenda de 1967 a 1974, e posteriormente como ministro do Planejamento entre 1979 e 1985. Em nota, o Ministério da Fazenda destacou sua contribuição inestimável para o debate econômico brasileiro ao longo das décadas, expressando respeito e solidariedade aos familiares e amigos.
Entre outras homenagens, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, destacou a importância de Delfim Netto na história do Brasil nos últimos 60 anos, mencionando seu papel visionário na valorização da economia agrícola com a criação da Embrapa e seu brilhantismo intelectual que o levou a altos cargos públicos.
Delfim Netto estava internado desde 5 de agosto no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações de saúde. Sua morte marca o fim de uma era para a economia brasileira e deixa um legado rico para os estudiosos e praticantes da ciência econômica.







