POLÍTICA – Lula expressa estarrecimento após operação no Rio de Janeiro resultando em mais de 100 mortes e questiona falta de coordenação federal nas ações de segurança.

Ministro da Justiça Reage à Operação Contenção no RJ: “Estarrecimento” e Críticas à Violência

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, manifestou a preocupação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à tragédia que marcou a recente Operação Contenção, realizada no Rio de Janeiro, onde mais de 100 pessoas foram mortas. Durante uma entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, Lewandowski relatou que Lula ficou “estarrecido” com o elevado número de fatalidades ocorridas durante a ação policial.

Na ocasião, o ministro se reuniu com o presidente e, posteriormente, seguiu para um encontro com o governador do Rio, Cláudio Castro. Lewandowski ressaltou que Lula expressou surpresa ao descobrir que uma operação dessa magnitude havia sido desencadeada sem o conhecimento prévio do governo federal. “Isso impede que o governo ofereça apoio com suas capacidades, como recursos e informações essenciais”, afirmou o ministro.

A operação, segundo Lewandowski, foi “extremamente violenta”, levando-o a questionar a compatibilidade desse tipo de abordagem com o Estado Democrático de Direito. “Precisamos refletir sobre a adequação dessas ações à Constituição que rege nosso país desde 1988”, afirmou.

Diante do contexto alarmante e da magnitude da operação, o presidente Lula determinou que sua equipe se reunisse com o governador Cláudio Castro. O objetivo é identificar as necessidades do estado e explorar como o governo federal pode atuar para mitigar o sofrimento da população afetada. “Nosso foco será minimizar o sofrimento e fortalecer as forças de segurança no combate às organizações criminosas”, declarou Lewandowski.

Enquanto isso, Cláudio Castro classificou a operação como um “sucesso”, insistindo que os policiais mortos foram as únicas vítimas dos confrontos, e descreveu o estado como o epicentro da crise de segurança que afeta o Brasil.

A resposta do Ministério da Justiça incluiu o atendimento ao pedido de Castro para transferir 10 detentos considerados líderes criminosos para presídios federais. Em relação aos mortos da operação, Lewandowski anunciou o envio imediato de peritos e médicos legistas. Utilizando um banco de dados de DNA da Polícia Federal, a intenção é identificar os corpos e verificar possíveis vínculos com organizações criminosas.

Lewandowski também abordou a possibilidade de decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), destacando que essa decisão cabe ao presidente, a partir de um pedido formal do governador. A última GLO foi decretada em novembro do ano passado, para assegurar a segurança durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro. No entanto, o ministro enfatizou que a questão da GLO não foi debatida na reunião com Lula.

Ele ressaltou que a abordagem violenta ao crime organizado já foi tentada repetidamente no passado, e defendeu o uso de inteligência e planejamento no enfrentamento a esse tipo de criminalidade. “O crime organizado é sofisticado e, por isso, a resposta deve ser pensada e coordenada”, concluiu, mencionando a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, que busca integrar mais efetivamente a União e os estados na luta contra a criminalidade.

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