Durante sua fala, o presidente destacou o papel das comunidades acadêmicas, que têm levantado suas vozes contra o que ele caracterizou como “genocídio” em Gaza. Lula enfatizou que a inércia da comunidade internacional em reconhecer a Palestina como um Estado independente é moralmente inaceitável. “São muitas vezes os jovens que nos lembram que a paz é o bem mais precioso da humanidade”, afirmou, sublinhando a importância da mobilização juvenil em prol da paz.
Em outro ponto de seu discurso, Lula criticou o uso de tarifas comerciais como ferramenta de coerção. Sem se referir diretamente ao presidente dos Estados Unidos, ele abordou o aumento de 50% das tarifas de importação sobre produtos brasileiros, ressaltando que nações que estão lutando contra o colonialismo não se deixarão intimidar por ameaças. “As nações que não se dobram à dicotomia da Guerra Fria não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis”, acrescentou.
A defesa do multilateralismo foi uma das principais pautas do discurso de Lula, que argumentou pela necessidade de reforma nos organismos internacionais. Ele apontou que a estrutura do Conselho de Segurança da ONU, sem uma representatividade adequada, permanecerá ineficaz para lidar com os desafios contemporâneos. Lula ressaltou a importância de uma ordem internacional fundamentada no diálogo e na igualdade soberana dos países.
O presidente também abordou questões econômicas, mencionando as disparidades de poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI), onde as nações desenvolvidas possuem nove vezes mais influência que os países do Sul Global. Lula condenou o protecionismo e a estagnação da Organização Mundial do Comércio (OMC), que ele acredita perpetuam as desigualdades estruturais.
“É preciso interromper os mecanismos que sustentam há séculos o financiamento do mundo desenvolvido em detrimento das economias emergentes”, sublinhou o presidente. Ele também pediu uma reorientação do sistema financeiro mundial em direção ao desenvolvimento sustentável.
Lula permanecerá na Malásia até a próxima terça-feira, quando participará de um encontro com empresários locais e da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). No domingo, ele deverá se encontrar com o presidente dos Estados Unidos para discutir soluções para as tarifas que incidem sobre produtos brasileiros. A visita à Malásia e os temas abordados revelam a determinação de Lula em posicionar o Brasil como um ator relevante nas discussões sobre justiça social e econômica em uma plataforma global.









