POLÍTICA – Lula aponta reforma da ONU como urgente para evitar instabilidade global e criticou intervenção militar e gasto em armas durante cúpula do Brics no Rio de Janeiro.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, durante a abertura da cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, que a morosidade na reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contribui para aumentar a instabilidade e o perigo no cenário mundial. Lula foi o primeiro a discursar na sessão sobre Paz e Segurança, onde expressou sua preocupação com as crises globais, ressaltando que esta é a presidência do Brics em um contexto internacional mais desfavorável.

Ele enfatizou que, atualmente, o multilateralismo enfrenta um colapso sem precedentes, afirmando que o Brics deve ser considerado como herdeiro do Movimento Não-Alinhado, que historicamente resiste às imposições ocidentais, comandadas pelos Estados Unidos. A falta de autonomia e o ataque ao multilateralismo geram ameaças a conquistas em áreas vitais como comércio, meio ambiente e saúde global.

Além da crítica à inércia do Conselho de Segurança, o presidente argumentou que as decisões deste órgão se tornaram desprovidas de credibilidade e estão, muitas vezes, à margem de conflitos já em curso. Ele citou a necessidade de reforma para incluir mais países com assento permanente, uma demanda que o Brasil tem levado adiante há anos. Lula apontou que, em muitos casos, o Conselho não é sequer consultado antes de ações militares serem tomadas, o que não apenas enfraquece sua autoridade, mas também compromete sua relevância.

O presidente abordou, ainda, o aumento dos gastos militares, que, segundo ele, priorizam a corrida armamentista em detrimento de investimentos em desenvolvimento e assistência humanitária. Ele denunciou as intervenções de potências no Oriente Médio e no norte da África, o que, a seu ver, reforça a necessidade de um diplomacia mais eficaz e respeito ao direito internacional. Em relação às tensões no Irã, Lula reafirmou a posição de não respaldo a ofensivas militares, enquanto condenou tanto o terrorismo do Hamas quanto as ações de Israel em Gaza.

Por fim, Lula convocou o Brics a desempenhar um papel ativo na reestruturação da governança global, afirmando que é urgente tornar o Conselho de Segurança mais legítimo e inclusivo. Ele defende que isso não apenas representa uma questão de equidade, mas é crucial para a sobrevivência da ONU em uma era cada vez mais multipolar. Para o presidente, adiar essa reforma só serve para perpetuar a instabilidade e o risco global.

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