Ao se dirigir aos participantes, Lula enfatizou que, apesar das políticas públicas que têm promovido avanços significativos, especialmente em relação a ações afirmativas e à inclusão da população negra em programas sociais, o Brasil ainda enfrenta o desafio do “racismo cotidiano”, uma realidade que continua a impactar a vida de muitos brasileiros. Ele ressaltou que há uma mentalidade persistente que frequentemente coloca pessoas negras em posições de subserviência e que isso necessita ser confrontado com urgência.
Em uma crítica clara ao preconceito enraizado na sociedade, o presidente citou um caso recente que envolveu a escritora Lilia Guerra, que foi injustamente acusada de furto em uma pousada após participar de um renomado festival literário. Lula destacou que essa situação reflete um problema mais amplo, ao afirmar que não se deve aceitar como normal o fato de uma escritora negra ser alvo de acusações infundadas. “É inconcebível que a sociedade brasileira ainda esteja imersa em preconceitos”, afirmou, reforçando que é inaceitável que pessoas possam ter suas oportunidades limitadas ou viver sob constante suspeita devido à cor da pele.
O presidente também criticou a criminalização de jovens negros, especialmente aqueles que vivem em comunidades periféricas, que frequentemente se tornam alvos das forças de repressão. Em seu discurso, Lula defendeu a urgência de erradicar o racismo no país, o qual classificou como um crime e uma doença que precisam ser enfrentados com determinação.
A temática da Conapir neste ano é “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”. Durante a conferência, delegados participarão de grupos de trabalho, plenárias e discussões que buscam abordar as várias facetas dessa luta. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, enfatizou durante a cerimônia a importância da participação da sociedade na construção de políticas públicas eficazes, destacando que a construção de políticas de qualidade só é possível com a contribuição ativa da população.
A conferência é resultado de uma ampla mobilização que incluiu conferências municipais e estaduais, além de um esforço digital que permitiu a participação de diversas comunidades, incluindo grupos quilombolas, indígenas e representantes da população LGBTQIA+. Lula lembrou a relevância institucional das conferências para o direcionamento das políticas de seu governo, reafirmando o compromisso com a participação social como um pilar essencial para a tomada de decisões.