Na conversa, Castro examina as distinções entre o fascismo do século XX e o panorama atual da extrema-direita, destacando a influência das redes sociais na disseminação de ideias e na mobilização de grupos. O historiador explicita como a evolução tecnológica alterou os mecanismos utilizados por esses movimentos, ressaltando que estamos em um momento em que a conectividade constante nos expõe a novas formas de discurso e retórica.
Castro observa que a necessidade de estar sempre online cria um ‘esgotamento’ que favorece a ascensão da extrema-direita globalmente. Ele menciona que, embora não haja um pacto formal entre líderes de diversos países com essa ideologia, existem práticas comuns que se difundem facilmente. A crise econômica de 2008 nos EUA, segundo o autor, foi um ponto de virada que evidenciou a vulnerabilidade de muitos cidadãos, tornando-os alvos propícios para a retórica extremista, que se caracteriza por ser direta e eficaz, mas não menos grosseira.
O historiador também se debruça sobre a produção de inimigos imaginários, que compõem a narrativa da extrema-direita, especialmente em questões que envolvem costumes e identidade. Ele descreve a internet como um campo fértil para essas narrativas, sugerindo que a relação entre extremismo político e o ambiente digital é particularmente poderosa e sinérgica.
Por fim, João Cezar de Castro enfatiza a recusa da extrema-direita em reconhecer a importância do adversário no contexto sociopolítico. Para ele, essa postura reflete uma adaptação das dinâmicas econômicas ao campo político, onde a monetização se torna um aspecto central das interações sociais.
Os interessados podem acompanhar “DR com Demori”, que também está disponível no YouTube e no aplicativo TV Brasil Play, e as conversas são transmitidas em formato de podcast no Spotify. Este programa, que traz à tona personalidades diversas e discussões relevantes, já recebeu nomes como o ministro do STF Gilmar Mendes e a cantora Zélia Duncan, oferecendo uma visão abrangente do cenário atual.