Durante uma reunião entre líderes na Câmara dos Deputados, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), enfatizou a urgência em modificar o texto para que a proposta seja votada na quarta-feira. Ele aludiu ao compromisso do governo em negociar com o relator até o último momento para garantir que a matéria avancasse.
O substitutivo da legislação original já havia gerado críticas de especialistas e autoridades, principalmente por condicionar as operações entre a PF e as polícias estaduais a solicitações dos governantes. Contudo, na sequência das repercussões negativas, Derrite recuou ao eliminar essa exigência, embora tenha decidido que a PF deve informar os estados sobre suas operações.
Guimarães defendeu a autonomia da PF e ressaltou que não se deve alterar suas atribuições. As opiniões foram unânimes em destacar que a atuação da PF deve permanecer intacta para assegurar a eficiência das operações de combate ao crime.
A discussão sobre a Lei Antiterrorismo também se torna um ponto polarizador. O texto de Derrite prevê penas mais severas para membros de facções criminosas sob essa legislação. O governo considera apropriado aumentar as penalidades, mas sugere que isso ocorra na Lei das Organizações Criminosas, a fim de evitar danos econômicos e a possível classificação do Brasil como um abrigo para grupos terroristas.
Derrite argumentou que a proposta não implica em classificar as facções como terroristas em sentido estrito, mas reconhece que suas ações podem provocar efeitos sociais e políticos similares aos atos de terrorismo, justificando assim um tratamento penal mais rigoroso.
A resistência do governo a aceitar a proposta como está representa um ponto crucial nas negociações, com a preocupação de que a percepção internacional possa impactar negativamente o Brasil em termos de investimentos e relações exteriores. O debate em torno da eficácia e da natureza da legislação continua, com a expectativa de que uma nova versão do projeto seja aceita por ambas as partes. O diálogo e o entendimento se apresentam como essenciais para a construção de um marco legal que efetivamente combata o crime organizado, sem criar vulnerabilidades políticas ou econômicas para o país.
