Segundo as investigações da PF, os desvios das joias iniciaram por volta de 2022 e se estenderam até o início de 2023, durante o mandato de Bolsonaro. Um dos casos descobertos pela polícia envolve o recebimento de US$ 68 mil pelo general Cid em sua conta bancária, referentes à venda de dois relógios de luxo, um Patek Phillip e um Rolex. O militar estava lotado no escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em Miami.
Os presentes dados pelo governo saudita saíram do Brasil em uma mala transportada no avião presidencial, conforme apurado pela PF. Além das joias, esculturas de um barco e de uma palmeira folheadas a ouro, recebidas por Bolsonaro durante uma viagem ao Bahrein em 2021, também foram levadas para os Estados Unidos.
A investigação apontou que o ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid, esteve envolvido no desvio dos itens. Ele tentou vender as peças em lojas especializadas na Flórida, mas não obteve sucesso devido ao material não ser 100% de ouro. Estima-se que as joias possam valer cerca de US$ 120 mil.
Outro conjunto de joias masculinas da marca suíça Chopard, composto por caneta, abotoadura, anel, rosário árabe e relógio, também foi desviado. Os presentes foram recebidos durante uma viagem presidencial à Arábia Saudita em 2021.
O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que as lembranças recebidas pelo Presidente da República em cerimônias oficiais devem ser integradas ao patrimônio do Estado brasileiro, não sendo consideradas bens pessoais, com exceção de itens personalizados ou de consumo direto.
A participação do general foi identificada pela PF a partir de uma foto utilizada para negociar as esculturas oficiais nos EUA. Ao fotografar os itens, Mauro Lourena Cid acabou deixando seu rosto ser refletido na imagem, o que levou os investigadores a vinculá-lo ao caso.
Em agosto do ano passado, Bolsonaro, sua esposa Michelle Bolsonaro e o ex-secretário de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wajngarten, foram convocados para depor sobre o assunto. Na ocasião, optaram por permanecer em silêncio durante o interrogatório.