POLÍTICA – [Ex-secretário executivo do GSI afirma que ex-ministro não repassou alertas da Abin sobre risco de invasões durante atos de 8 de janeiro.

O ex-secretário executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, General Carlos José Russo Assumpção Penteado, afirmou que o ex-ministro Gonçalves Dias não repassou aos demais responsáveis os alertas que recebeu da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre o risco de invasão de prédios públicos durante os atos do dia 8 de janeiro.

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Penteado garantiu que mesmo ocupando o segundo cargo mais importante no GSI, a convite de Gonçalves Dias, ele também não teve conhecimento dos alertas produzidos pela Abin. Segundo o general, a falta de informações completas comprometeu o esquema de segurança montado na ocasião.

De acordo com Penteado, todas as ações conduzidas pelo GSI no dia 8 de janeiro estão diretamente relacionadas à retenção dos alertas pelo ex-ministro. Ele destacou que se a Coordenação de Análise de Risco tivesse tido acesso aos alertas, as ações previstas no Plano Escudo teriam impedido a invasão do Palácio do Planalto.

O ex-diretor da Abin, Saulo Moura da Cunha, declarou anteriormente à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que a agência produziu 33 alertas de inteligência sobre os protestos contra a vitória eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, Cunha afirmou que até 5 de janeiro, a Abin avaliava que os atos golpistas teriam pouca adesão. Somente nos dias 6 e 7 de janeiro, a percepção se alterou quando a Agência Nacional de Transporte Terrestre relatou um número de ônibus superior ao esperado chegando a Brasília.

Na tarde do dia 7 de janeiro, os órgãos de segurança já tinham ideia de que a manifestação teria grande número de pessoas. A partir das 8h do dia 8 de janeiro, Cunha começou a informar Gonçalves Dias sobre cada novo informe recebido.

Gonçalves Dias admitiu que errou ao avaliar o cenário que levou à invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do prédio do Supremo Tribunal Federal. Ele afirmou que sua avaliação foi resultado de análises de informações divergentes que recebeu de contatos diretos.

Penteado revelou que tomou conhecimento pela imprensa sobre os alertas após o dia 8 de janeiro. Ele não recebeu nenhum relatório ou mensagem alertando sobre a possibilidade de ações violentas. A posse do presidente Lula ocorreu tranquilamente e a expectativa era de retorno à rotina de Brasília. Foi somente por volta das 14h50 que Penteado foi informado de que os manifestantes haviam rompido a barreira policial e se dirigiu ao Palácio para acompanhar a situação.

O general confirmou que praticamente todos os cargos de decisão do GSI eram ocupados por remanescentes do governo Bolsonaro no dia 8 de janeiro.

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