POLÍTICA – Empresário do INSS Decide Silenciar em Depoimento e Denuncia Esquema de Corrupção com Veículos de Luxo, Desafiando Relator da CPMI.

Na última segunda-feira (6), o empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, convocado a depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, decidiu manter o silêncio após responder a perguntas iniciais do relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL). De acordo com seu advogado, Thiago Machado, Cavalcanti optou por não responder outras questões que pudessem incriminá-lo, o que foi garantido por um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux.

Durante sua apresentação, o ex-sócio do advogado Nelson Willians, investigado em um esquema de desconto de mensalidades de aposentados e pensionistas, negou qualquer participação em atividades fraudulentas. Ele se distanciou das acusações, afirmando que não é “laranja” nem beneficiário do esquema, e se disse desconhecedor das práticas ilícitas relacionadas a Willians e Maurício Camisotti, que são reconhecidos como os principais operadores da corrupção no setor.

Cavalcanti, que antes de se envolver no escritório de Willians atuava na Assembleia Legislativa de São Paulo como assessor, enfrenta questionamentos sobre a evolução abrupta de seu patrimônio. Desde sua entrada no escritório em 2017, seu patrimônio saltou de menos de R$ 100 mil para valores exorbitantes, incluindo uma coleção de veículos de luxo e relógios avaliados em milhões. As autoridades apreenderam mais de 20 carros, incluindo uma Ferrari avaliada em R$ 4,5 milhões, relacionando-os ao empresário devido aos indícios de lavagem de dinheiro.

O relator da CPMI não hesitou em mencionar que o depoimento de Cavalcanti parece mais uma estratégia de defesa do que um ato de transparência, levantando suspeitas sobre a origem de sua fortuna. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), por sua vez, criticou a situação, sugerindo que Cavalcanti faz parte de uma sofisticada rede criminosa que envolve políticos e servidores públicos.

A investigação se concentra não apenas em Cavalcanti, mas também em associações como a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (AMBEC), supostamente controlada por “laranjas” de Camisotti. Os dados financeiros apresentados pela CPMI insinuam que as contribuições dos associados aumentaram drasticamente de R$ 135 em 2021 para R$ 91 milhões em 2023, um crescimento que levanta sérias dúvidas sobre a legitimidade das operações da associação.

O desdobrar deste caso revela um panorama sombrio de corrupção e subterfúgios no sistema previdenciário brasileiro, onde figuras-chave ainda permanecem fora do alcance da justiça. A CPMI continua a investigar e aguarda uma resposta do STF sobre a convocação de Camisotti, visto como uma peça fundamental para elucidar a complexidade desse escândalo.

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