POLÍTICA – “Diretor da PF solicita aumento de 38% no orçamento e efetivo para combater crime organizado no Brasil”

Na última terça-feira, 18 de outubro, o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, apresentou um apelo aos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado no Senado, solicitando um aumento significativo de 38% no orçamento da instituição para o próximo ano. Atualmente, a PF dispõe de R$ 1,8 bilhão em seu orçamento, e Rodrigues defendeu que esse montante deve ser elevado para pelo menos R$ 2,5 bilhões. Ele argumentou que apenas com essa ampliação será possível enfrentar adequadamente o desafio de combater facções criminosas e outras organizações organizadas.

Rodrigues destacou que um aumento orçamentário permitiria a expansão das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (FICCOs), que são operações conjuntas entre a PF e forças de segurança estaduais, voltadas para o enfrentamento do crime organizado. Essa solicitação ocorre em um contexto de crescente violência e operações policiais marcantes, como a recente ação contra o Comando Vermelho, que resultou na morte de 121 pessoas no Rio de Janeiro.

Além da solicitação orçamentária, o diretor-geral também criticou o projeto de lei Antifacção em trâmite na Câmara dos Deputados. Ele alertou sobre a retirada de recursos de fundos federais que são fundamentais para a atuação da PF e outras forças de segurança. Rodrigues enfatizou que a proposta atual pode levar a um colapso na efetividade das investigações, uma vez que cria conflitos entre normas existentes que prejudicariam a tramitação de processos penais.

Na mesma sessão, Rodrigues enfatizou a necessidade de um efetivo maior, ressaltando que, com apenas 13 mil policiais, dos quais 2 mil são administrativos, a PF encontra-se com um número “diminuto” de agentes. Ele sugeriu que o ideal seria dobrar o efetivo atual, estimando que a instituição precisaria de cerca de 30 mil policiais para atender eficazmente a todas as demandas.

Outro ponto abordado pelo diretor foi a importância da descapitalização das organizações criminosas, por meio da apreensão de bens, e a prisão de seus líderes, destacando que o combate efetivo ao crime requer uma integração mais intensa entre as polícias e cooperação internacional. Rodrigues mencionou que a apreensão de bens de grupos criminosos subiu de R$ 1 bilhão em 2022 para R$ 6,4 bilhões em 2024, enfatizando que esses números demonstram um avanço na luta contra o crime.

Por fim, ele observou que a digitalização da economia cria novos desafios para a segurança pública, uma vez que ferramentas como fintechs e criptomoedas oferecem um campo fértil para operações ilícitas. Para que o Estado não fique atrás do crime, segundo Rodrigues, é crucial modernizar as abordagens institucionais e acompanhar o ritmo da evolução digital.

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