POLÍTICA – Debates sobre a ampliação do acesso a armas de fogo pela população civil dominam o Congresso Nacional, revela pesquisa do Instituto Fogo Cruzado.

Nos últimos anos, o debate sobre a ampliação do acesso a armas de fogo pela população civil tem ganhado destaque nas discussões no Congresso Nacional. De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Fogo Cruzado, o pró-armamentismo tem se sobressaído, com um número maior de pronunciamentos a favor do uso de armas pelas pessoas comuns em comparação com as falas contrárias a essa medida.

O estudo analisou discursos sobre o assunto desde 1951 até 2023 e revelou que, a partir de 1997, com as discussões sobre o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), o Estatuto do Desarmamento e o referendo sobre a comercialização de armas, o debate sobre a questão se intensificou no Congresso. No entanto, foi a partir de 2015 que os discursos pró-armas passaram a predominar sobre a posição contrária, pró-controle das armas.

Entre 2015 e 2018, por exemplo, a maioria dos pronunciamentos sobre armamento eram favoráveis à ampliação do acesso a armas, chegando a 73% do total analisado. Já entre 2019 e 2022, com a ascensão do presidente Jair Bolsonaro, que é pró-armamentista, as discussões sobre o tema recuaram, mas voltaram a ganhar destaque em 2023.

Para a coordenadora de Pesquisa do Instituto Fogo Cruzado, Terine Coelho, a questão do armamentismo não está pacificada e continua sendo um tema central no debate político. Enquanto os congressistas pró-armamento se mantêm mobilizados e estão apresentando novos argumentos, os parlamentares pró-controle de armas têm tido uma participação ínfima nesse debate.

Os defensores do acesso à população civil às armas argumentam sobre o direito à defesa, o descontrole da segurança pública, o impacto do desarmamento na violência, entre outros pontos. Já os que são a favor do controle de armas destacam o monopólio do uso de armas pela polícia, os impactos negativos de mais armas circulando na sociedade e a necessidade de soluções mais amplas para a violência.

Diante desse cenário, a pesquisadora Terine Coelho ressalta a importância de aprofundar o debate e buscar soluções que possam garantir a segurança da população sem aumentar o risco de violência armada no país. A questão do armamentismo continua sendo um tema sensível e complexo no cenário político brasileiro.

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